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Bom dia!
Produtores de soja e Bayer travam queda de braço no Cade sobre incentivos a multiplicadores de sementes, enquanto o Cebri projeta que o Brasil só chegará ao carbono zero em 2050 com biocombustíveis no centro da matriz energética. Já no Vale do Paraíba, o mel ganhou selo de Indicação Geográfica e reforça o valor de um produto centenário.
Também tem:
• Agro pressionando mudanças nos livros didáticos
• Cacau da Bahia recebendo mais de R$ 1 milhão em crédito verde
• RenovaBio na Justiça com liminar contestada por distribuidoras
Tudo que você precisa saber, do seu jeito e no seu ritmo.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
E ESSE TEMPO, HEIN?
Brasil dividido

Foto: Inmet
A quinta-feira chega com água para uns e poeira para outros. O Inmet alerta para chuva mais forte no leste de Santa Catarina e no litoral do Paraná, que pode avançar até o Mato Grosso do Sul à tarde. Já o Rio Grande do Sul fica na boa, com temperatura amena e tempo seco.
No Centro-Oeste, o cenário segue de deserto: Mato Grosso e Goiás continuam em alerta de baixa umidade, abaixo de 20% nas horas mais quentes. No Sudeste, a umidade vinda do oceano garante garoa no litoral paulista e pancadas no sul de Minas e Zona da Mata, mas o resto do interior segue no céu azul.
No Nordeste, a chuva se concentra apenas no litoral entre Sergipe e Alagoas, enquanto o interior enfrenta calor e alerta de secura. No Norte, as instabilidades se restringem a trechos do Amazonas e de Roraima, com sol predominando no Acre, Pará, Tocantins e Rondônia.
PAUTA VERDE
Arroto pesou no clima

Foto: Globo Rural
O Brasil fechou 2023 soltando 21,1 milhões de toneladas de metano na atmosfera, segundo maior nível da história, de acordo com um estudo do Observatório do Clima. E adivinha quem carrega essa coroa? O boi. A pecuária sozinha despejou 14,5 milhões de toneladas, recorde absoluto que equivale às emissões anuais inteiras da Itália. O detalhe é que o metano esquenta o planeta 28 vezes mais que o CO₂, mesmo ficando menos tempo no ar.
A conta só cresce. Entre 2020 e 2023, as emissões brasileiras de metano subiram 6%, jogando o país no quinto lugar do ranking global, atrás de China, Estados Unidos, Índia e Rússia. Isso mesmo depois da promessa feita em Glasgow, na COP26, de cortar 30% até 2030. Enquanto o compromisso patina, o rebanho avança: foram de 218 milhões para 238 milhões de cabeças em apenas três anos.
O estudo mostra que dá para mudar o jogo sem derrubar a produção: manejo de pastagens mais eficiente, genética melhorada, aditivos na dieta e abate precoce para 85% do gado com até 30 meses até 2035 devem dar conta. Fechar lixões e aproveitar biogás de aterros também ajudaria a aliviar a fatura climática. Mas, por enquanto, o arroto do boi continua rendendo manchete, e deixando a meta brasileira cada vez mais distante.
RADAR DO AGRO
BNDES injeta R$ 60 milhões em bioinsumos da agricultura familiar

Foto: Adobe Stock
O BNDES abriu a carteira e vai destinar até R$ 60 milhões em recursos não reembolsáveis para cooperativas da agricultura familiar produzirem bioinsumos. Em parceria com a Embrapa, a iniciativa prioriza Norte e Nordeste e aposta em inoculantes, biofertilizantes e defensivos biológicos para aumentar produtividade e renda dos pequenos.
A Conab também movimenta o mercado. Nesta quinta-feira (28), serão compradas 445,5 toneladas de alimentos para montar 28.619 cestas básicas destinadas a famílias indígenas em quatro Estados. A lista de compras vai de arroz e feijão a leite em pó, macarrão e até erva-mate.
Enquanto isso, a Cocal sentiu o baque no bolso. O lucro líquido encolheu 80% no trimestre, para R$ 14,9 milhões, e a receita caiu 9,6%, para R$ 714 milhões, com moagem menor e queda nas vendas de açúcar. Ainda assim, a empresa manteve R$ 371,6 milhões em investimentos, apostando em biogás e expansão da moagem.
Nem tudo foi queda: a receita com etanol anidro subiu 32%, e a energia elétrica rendeu 26% a mais graças a preços 53% maiores. Com caixa de R$ 2,2 bilhões, a companhia segura o fôlego, mas a dívida avançou 12,7% em três meses, para R$ 1,81 bilhão.
NA CANETADA
Brasil fechadão com México

Foto: GovBR
Na visita de Geraldo Alckmin à Cidade do México, o ministro Carlos Fávaro saiu da mesa de negociações com Julio Berdegué, secretário da Agricultura mexicana, com um memorando que promete aquecer a cooperação entre nós e os muchachos no campo e no comércio. O acordo incluiu pesquisa, inovação, sanidade animal e vegetal, além de medidas para destravar o comércio agrícola.
E os números mostram que o jogo já virou. Desde que o México abriu o mercado, a carne brasileira disparou: bovina cresceu 250% em menos de três anos e já passou os EUA em volume de compra, suína avançou 95% e frango subiu 14%. E vem mais por aí. O país deve habilitar 14 novos frigoríficos brasileiros em oito Estados, elevando para 50 o total de plantas com selo verde para exportar.
Para não travar as vendas de frango em caso de surtos de doenças, como a gripe aviária, ficou fechado um protocolo de resposta rápida. Na mesa também entrou a chance de expandir o mercado de atum brasileiro no México e abrir espaço para o pêssego deles entrar por aqui.
ASSUNTO DE GABINETE
RenovaBio sofrendo na justiça

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Uma liminar do TRF-3 deu um respiro às distribuidoras de combustíveis: o desembargador Nery Junior mandou a ANP parar de aplicar multas, suspender atividades e até divulgar a lista dos inadimplentes do RenovaBio. A decisão saiu no dia 21, depois de recurso movido por uma distribuidora que preferiu não aparecer.
Bioenergia Brasil, Sindicom e Unica afirmam que a liminar vale só para a empresa que entrou com a ação e alertam que liberar pra geral colocaria em xeque a credibilidade dos CBios e do próprio programa de descarbonização.
Enquanto o impasse rola, a ANP segue publicando a lista de quem está devendo CBios e agora terá de provar que há créditos suficientes para cobrir todas as metas. A B3 também foi chamada a explicar a presença de agentes não obrigados no mercado.
DE OLHO NO PORTO
Nem tarifaço segura o boi brasileiro

Foto: Getty Images/Canva
Nem mesmo os 76,4% de imposto jogados por Donald Trump em cima da carne bovina brasileira foram capazes de frear nossos embarques. Só em agosto já saíram 212,9 mil toneladas rumo ao exterior e a projeção da Agrifatto é fechar o mês com 265 mil toneladas, um recorde histórico.
A média diária de exportações bate 13,3 mil toneladas, 35% a mais que em agosto de 2024. E isso sem os Estados Unidos na jogada, até julho, eles eram o segundo maior comprador, mas desde o tarifaço do dia 6 estão praticamente fora de campo. E pra piorar, o que embarcou antes do prazo ainda pode ser taxado se não entrar no mercado até 5 de outubro.
Enquanto isso, os preços seguem firmes. A tonelada da carne brasileira está em US$ 5,6 mil, 26% acima do que no ano passado. Segundo o Cepea, a alta da carne em dólar compensou a queda do câmbio, mantendo a receita em real no mesmo patamar. O resultado: o boi brasileiro segue gordinho nas exportações, mesmo com a porteira americana quase fechada.
PLANTÃO RURAL
Soja em briga jurídica. A Aprosoja apertou o Cade para julgar logo o caso dos “incentivos” da Bayer a multiplicadores de sementes. Para os produtores, a prática reduz a concorrência. A empresa se defende dizendo que tudo foi aprovado antes e que suas tecnologias aumentam a produtividade da soja brasileira.
Bilhete para 2050. Estudo do Cebri projeta que o Brasil só vai zerar o carbono se turbinar biocombustíveis como etanol, diesel verde e SAF. A virada começa nos anos 2030 e ganha força depois de 2040. No cenário mais ousado, a transição pode puxar 3,2% de crescimento do PIB ao ano.
Mel com sobrenome. O mel do Vale do Paraíba agora tem Indicação Geográfica. O selo reconhece mais de cem anos de produção em 39 municípios paulistas e reforça a qualidade do produto, que já teve até genética de rainhas desenvolvida na região para aumentar produtividade em colmeias de todo o Brasil.
Disputa nos livros. O agro entrou em guerra com o mercado editorial para mudar a forma como aparece nos livros didáticos. A associação De Olho no Material Escolar diz que há excesso de citações negativas; autores rebatem acusando tentativa de apagar a história e distorcer o debate sobre impacto ambiental.
Cacau com crédito verde. Na Expocacau, 24 agricultores familiares da Bahia garantiram mais de R$ 1 milhão em crédito para renovar roças em sistema cabruca. A iniciativa é do Banco do Brasil com a Conexsus e a Coopermata, fortalecendo renda, sustentabilidade e dando fôlego à produção de comunidades tradicionais.
SE DIVERTE AÍ
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VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Batata
Pergunta de hoje: Qual fruta brasileira foi levada para a Índia pelos colonizadores portugueses e virou parte de pratos típicos locais?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
