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Bom dia!
Com as taxas dos EUA encarecendo a carne bovina brasileira, o governo corre para conquistar o mercado do Japão. No setor de aves, julho não foi mês de voar alto: as exportações de frango caíram quase 14% e a receita encolheu 17%. Já na Bahia, produtores mostraram para uma missão internacional que o algodão brasileiro é premium de lavoura à fibra.
Também tem:
• Chuva e frio ganhando força no Sul e voltando ao Sudeste
• Empresa aposta em RNA para combater pragas no campo
• Trump comemora bilhões de dólares em tarifas
Pra você não perder nada do que faz o agro girar.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por Cepea
E ESSE TEMPO, HEIN?
Frente fria joga água no Sul e refresca o Sudeste

Foto: Fernando Dias
No Sul, a sexta-feira (8) amanhece com chuva forte no norte do Rio Grande do Sul e no Paraná, se espalhando pelo resto da região ao longo do dia. O frio também dá as caras: Porto Alegre deve marcar mínima de 9°C e Curitiba, 10°C, com clima gelado até a quarta-feira que vem.
No Sudeste, São Paulo finalmente sai do modo deserto com chuva concentrada na faixa leste do estado. Ao longo do dia, o aguaceiro também pode dar as caras no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. Já no Centro-Oeste, só o Mato Grosso do Sul sente o refresco da frente fria, o resto da região segue com umidade crítica e calor de rachar.
No Nordeste, a chuva que vinha cumprindo expediente pesado nas últimas semanas tira um dia de folga, mas ainda aparece no litoral. As temperaturas ficam amenas, com máximas de 27°C. No Norte, nuvens carregadas seguem firmes no Pará, Amazonas, Roraima e Amapá, com pancadas isoladas durante a tarde.
ASSUNTO DE GABINETE
Power trip ou postura justificada?

Foto: Jim Watson/AFP
O presidente estado-unidense, Donald Trump, apertou o botão do tarifaço e colocou os EUA no patamar mais alto de impostos sobre importados desde 1934. Segundo o Budget Lab de Yale, a conta para o consumidor americano sobe em média 18,3% na etiqueta dos produtos que vêm de fora.
Mais de 60 países e a União Europeia agora entram na mira, todos pagando no mínimo 10% de taxa extra. A fatura é ainda mais salgada para a UE, Japão e Coreia do Sul, que encaram 15%, e para Taiwan, Vietnã e Bangladesh, que sobem para 20%. Sem falar do Brasil, que já tem 50% confirmado e rolando, e dos países do Brics, que devem ter valores tão altos quanto os nossos.
Na Truth Social, Trump comemorou a “chuva” de dinheiro que, segundo ele, começa a cair hoje nos cofres americanos, acusando outros países de se aproveitarem da boa vontade dos EUA “por muitos anos”.
É meia-noite! Bilhões de dólares em tarifas estão agora fluindo para os Estados Unidos da América!
O efeito não para no Tesouro. Cadeias globais de abastecimento vão ter de recalcular rota e países exportadores já começaram a medir o tamanho do buraco que o tarifaço pode abrir.
Além disso, por trás da festa, analistas alertam que a conta pode estourar no bolso do próprio consumidor americano, e que os efeitos no comércio global, Brasil incluso, podem ser bem mais amargos que o discurso na internet.
RADAR DO AGRO
Frango pisando no breque

Foto: Freepik
Depois de um semestre de altos e baixos, o frango brasileiro perdeu fôlego em julho. As exportações caíram 13,8% na comparação anual, com 399,7 mil toneladas embarcadas. Em faturamento, o tombo foi de 17%, para US$ 737,8 milhões, segundo a ABPA.
O motivo? Embargos ainda mantidos por destinos como China e União Europeia após o surto isolado de gripe aviária. A boa notícia é que vários mercados já reabriram e, no comparativo com junho, o volume exportado cresceu 16,4% e a receita subiu 15,8%. No acumulado do ano, o Brasil soma 3 milhões de toneladas vendidas, queda de 1,7% em volume, mas com leve alta de 1,5% na receita.
DE OLHO NO PORTO
Bois brasileiros vão mugir no Japão

Foto: CNA/Flickr
Com o tarifaço dos EUA mordendo o faturamento da carne bovina brasileira, o Japão virou alvo prioritário nas negociações do governo. As conversas tão andando, só que Tóquio sinalizou abrir o mercado apenas para Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, deixando o restante do país no banco de reservas.
O setor esperava um aval a nível nacional, principalmente depois que o Brasil foi reconhecido como livre de febre aftosa sem vacinação pela OMSA em maio. Mas como a auditoria japonesa feita em junho se restringiu aos três Estados, o sinal verde deve contemplar só quem tinha o status antes de 2025. Acre e Rondônia ainda tentam entrar na primeira leva.
Na prática, os três estados respondem por só 3,5% das exportações de carne bovina do Brasil, 98,4 mil toneladas de um total de mais de 2,8 milhões em 2024. Os gigantes do setor seguem sendo São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Empresários pressionam por abertura integral, mas o governo já deixou claro que não vai recusar o avanço parcial. Uma missão do Ministério da Agricultura desembarca no Japão na semana que vem e, se tudo correr bem, o anúncio oficial pode vir em novembro, durante visita do premiê japonês Shigeru Ishiba ao Brasil.
COLHENDO CAPITAL
Algodão da Bahia desfila para a elite têxtil mundial

Foto: Divulgação
O oeste baiano virou passarela do algodão na 9ª edição da Missão Compradores, quando a Abrapa trouxe executivos da indústria têxtil de 6 países que, juntos, compram quase 85% da nossa fibra lá fora. Entre as cidades de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, eles viram de perto lavouras tecnificadas, beneficiamento de ponta e o laboratório da Abapa que garante padrão e rastreabilidade.
A Bahia, vice-líder na produção nacional, mostrou que não entrega só volume: tem certificação socioambiental, gestão de qualidade e um modelo que ajuda o Brasil a se manter como maior exportador do mundo. Produtores destacaram que a visita não é só marketing, é prova viva de que o algodão brasileiro está jogando na primeira divisão da moda global.
E o público-alvo saiu impressionado. Chineses, bengaleses e indianos elogiaram resistência, cor e aparência da fibra, além da escala das lavouras e do nível técnico. Para eles, ver o ciclo do campo ao laboratório aumenta a confiança no produto e aquece o mercado para fechar ainda mais contratos com o Brasil.
NAS CABEÇAS DO AGRO
RNA no campo

Foto: Divulgação
A americana GreenLight Biosciences quer mudar o combate a pragas no Brasil com biotecnologia baseada em RNA, capaz de atingir apenas o gene da praga, sem resíduos e com baixo risco toxicológico.
A empresa estreou no mercado com o Fortivance, que potencializa inseticidas. Mas também testa no país um fungicida para videiras e um produto contra ácaros, após aval da CTNBio.
Nos EUA, o Calantha, único defensivo foliar de RNA aprovado no mundo, já conquistou 10% do mercado de batata em 1 ano. Com aporte de US$ 25 milhões de Al Gore, a empresa quer lançar dez produtos nos próximos cinco anos, metade voltada ao Brasil, começando pela fruticultura e mirando soja, milho, algodão e feijão.
Instalada em Piracicaba desde 2023, a GreenLight negocia com Embrapa, cooperativas e distribuidores. O foco inicial é o Vale do São Francisco, onde a exigência de zero resíduo para exportações é regra.
PLANTÃO RURAL
Pantanal desmata menos, Amazônia dá trabalho. O Pantanal reduziu o desmate em 72% e o Cerrado em 20%, mas a Amazônia aumentou 4%. O Ibama distribuiu R$ 2,4 bilhões em multas e embargou mais de 5 mil km².
Lucro encolhe na Kepler Weber. A fabricante de silos teve queda de 61% no lucro líquido do 2º trimestre, para R$ 14,4 milhões, pressionada por juros altos e commodities em baixa. Apesar disso, pedidos subiram quase 14% e a empresa aposta no segundo semestre para virar o jogo.
Trump, Putin e a conta do adubo. A tensão entre EUA e Rússia levanta especulação sobre impacto nos preços dos fertilizantes, e Trump promete taxar, ainda mais, quem negociar com Putin. Os russos suprem cerca de 30% da demanda brasileira. Especialistas veem baixo risco imediato. Mesmo assim, qualquer estresse nessa relação pode fazer o custo do produtor disparar.
Tecnologia perde força no milho. A lagarta-do-cartucho aprendeu a driblar a biotecnologia VIP. Produtores de MT chegaram a fazer 7 pulverizações para salvar a lavoura, o que elevou, e muito, os custos. Pesquisadores pedem manejo híbrido, químico e biológico, antes que o problema vire praga de vez.
Curso obrigatório para aplicar agrotóxicos. CropLife, Abiove e Já Entendi Agro uniram forças para oferecer o curso Aplicador Legal, gratuito e online. A partir de 2027, será exigido um registro no Mapa para exercer a labuta. Dá pra assistir até offline e já tem 500 certificados rodando.
SE DIVERTE AÍ
Hoje é dia de exercitar o cérebro e a paciência com o Termo, o jogo que virou febre no Brasil. A missão é simples: descobrir a palavra secreta em até seis tentativas. Cada chute revela se você está perto ou longe, com as letras mudando de cor como pistas.
Mas cuidado: parece fácil até você travar na penúltima letra e começar a duvidar do próprio vocabulário. Quer arriscar? É só acessar term.ooo.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Arroz
Pergunta de hoje: Que raiz do Peru virou um dos alimentos mais difundidos no mundo, graças à colonização europeia no século XVI?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
