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Bom dia!

Bom dia! Hoje o agro aparece dividido entre glamour e aperto: tem saca de café do Cerrado batendo R$ 200 mil enquanto o BC acende a luz vermelha pro endividamento rural, com arrendatário no sufoco. No resto da xícara entram consórcio de máquina bombando, tarifaço que ainda pesa nos EUA, fertilizante contando ponto no Renovabio e previsão de temporais pra ninguém esquecer de olhar pro céu antes de sair pro campo.

Pra você acordar bem informado

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

FOCUS 2025 Semana 2026 Semana
Câmbio (R$/US$) 5,40 0,00% 5,50 0,00%
IPCA (%) 4,45 -0,24% 4,18 -0,35%
PIB (%) 2,16 0,00% 1,78 0,16%
Selic (% a.a.) 15,00 0,00% 12,00 -2,04%

Os dados são publicados por BCB. A variação considerada nesta tabela é semanal.

  • Inflação sob controle, juro nem tanto. O Boletim Focus projeta IPCA de 4,45% em 2025, um tiquinho abaixo do teto de 4,5% da meta, embalado pela inflação de outubro em 0,09%. O problema é o remédio. O mercado segue vendo Selic em 15% até o fim de 2025 e dólar perto de 5,40, o que mantém o crédito salgado pra produtor.

NAS CABEÇAS DO AGRO

CNA leva disputa do marco temporal pro campo do STF

Foto: Adobe Stock

A CNA resolveu trocar a conversa de bastidor pela toga e bateu na porta do STF pedindo timeout na demarcação de terras indígenas. A confederação quer que o Supremo suspenda portarias e decretos recentes do governo que declararam e homologaram novas áreas até sair o veredito sobre a Lei 14.701, o famoso marco temporal. No pedido, a entidade fala em completa deslealdade com o Congresso e Supremo e acusa o Planalto de empurrar mais insegurança jurídica pro meio rural.

No centro da bronca tá a tese de que o marco temporal segue valendo, com demarcação só em áreas ocupadas por povos indígenas em 05 de outubro de 1988. A CNA diz que as novas terras anunciadas atropelam esse critério, se sobrepõem a assentamentos, unidades de conservação e propriedades produtivas e criam um combo de instabilidade social e risco de conflito no campo, principalmente pra pequenos e médios produtores. Na visão da entidade, o governo entrou em campo enquanto ainda rola a mesa de conciliação montada pelo STF, o que seria o contrário de buscar acordo.

A pressão não vem só da CNA. O governo de Mato Grosso já acionou o STF contra a ampliação da Terra Indígena Manoki e a Comissão de Agricultura do Senado aprovou convite obrigatório pro ministro Ricardo Lewandowski explicar as novas portarias. De um lado, o Planalto tenta avançar na agenda de demarcações, do outro, agro, governos estaduais e Congresso puxam o freio de mão em nome da lei do marco temporal. Enquanto isso, o produtor olha esse jogo de dentro da porteira, tentando entender onde, afinal, tá valendo cercar.

E ESSE TEMPO, HEIN?

Alerta vermelho no radar e produtor com o coração na boca

O começo de semana vem com tempestade torando em quatro estados. Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro entraram em alerta vermelho do Inmet, com previsão de chuva forte, rajadas acima de 100 km/h na faixa litorânea e possibilidade de granizo. O pacote inclui risco de dano em telhado, queda de árvore, corte de energia, alagamento e, claro, lavoura toda judiada. Depois do granizo que machucou mais de 150 pessoas em Erechim (RS), fica o recado pra não subestimar nuvem carregada.

Pra quem tá no campo, o alerta vale em dobro. O risco de granizo e vento forte alcança áreas de GO, MG, MT, MS, SP, PR e ES, com chuva que pode bater 50 mm no dia e temporal espalhado por boa parte do Centro-Oeste, Norte e Sudeste. A orientação continua a mesma de sempre: revisar calha, garantir escoamento em curva de nível, afastar animais de áreas de risco, proteger maquinário e guardar qualquer objeto que o vento consiga transformar em projétil. E nada de brincar de fiscal de granizo no meio da roça.

Enquanto o Sudeste e partes do Centro-Oeste e Norte se organizam pra segurar a bronca, algumas áreas respiram um pouco melhor. O tempo fica mais tranquilo na maior parte do Sul e abre em boa parte do Mato Grosso do Sul, mas com calor forte e umidade lá embaixo no sul de MT e norte de MS, pedindo atenção com fogo e estresse térmico. No Nordeste, as instabilidades seguem firmes no oeste e sul da Bahia, com pancadas em pontos de Maranhão e Piauí.

O AGRO EM NÚMEROS

Consórcio bombando, sêmen em alta e boi na primeira classe

Foto: Case IH/Divulgação

O consórcio de máquinas agrícolas virou caso de estudo em planilha. De 2020 pra 2025, o número de participantes subiu 149% e as contemplações cresceram 138,6%, chegando a 31,97 mil em agosto desse ano. Hoje são 458,24 mil cotas ativas de máquinas dentro de um total de 898,50 mil consorciados de pesados. O mercado de máquinas tá mudando rápido, e o produtor precisa ficar esperto pra acompanhar

Na pecuária, o rebanho entrou de cabeça na era do dado. A produção total de sêmen bovino cresceu 29,6% no terceiro trimestre e chegou a 6,9 milhões de doses. O uso em gado de corte subiu 11,5%, pra 6,6 milhões de doses, enquanto o leite avançou 12,4%, pra 1,7 milhão. As importações aumentaram 29,8%, indo pra 2,3 milhões de doses, e as exportações também engataram: 222,9 mil doses pra corte, alta de 26,7%, e 89,4 mil pra leite, avanço de 20,5%. Até a prestação de serviço de melhoramento genético subiu 7,4%, pra 349,71 mil doses, mostrando que o curral tá cada vez mais guiado por genética e menos por chute.

Na proteína suína, o sinal amarelo acendeu nas estatísticas. Até a terceira semana de novembro, o Brasil embarcou 75,1 mil toneladas de carne suína, bem abaixo das 107,6 mil toneladas do mesmo período de 2024. A média diária caiu de 5,6 mil pra 5,3 mil toneladas, o preço médio recuou 1,3%, de US$2.540,1 pra US$2.506,2 por tonelada, e a receita somada tá em US$188,287,1 milhões contra US$273,423,7 milhões um ano antes. A média diária de faturamento escorregou 6,5%, de US$14,390,7 milhões pra US$13,449,1 milhões, mostrando que o suíno tá suando mais pra fechar a conta.

Já a carne bovina tá acelerando com tudo. Até a terceira semana de novembro, as exportações somaram 238,2 mil toneladas, superando as 228,1 mil toneladas de novembro inteiro de 2024, avanço de 6,76%. A média diária pulou de 12 mil pra 17,01 mil toneladas, alta de 12,7%, com a terceira semana sozinha embarcando 74,6 mil toneladas. No caixa, o faturamento já bateu algo em torno de US$1,308 bilhão frente a US$1,111 bilhão no mesmo mês do ano passado, e a média diária de receita saltou 59,7%, de US$58,491 milhões pra US$93.437 milhões. O preço médio por tonelada subiu 12,7%, de cerca de US$4.871,4 pra US$5.491,2, confirmando que o boi brasileiro tá com moral lá fora.

SAFRA DE CIFRAS

Saca de café vale mais que carro zero no Cerrado Mineiro

O Cerrado Mineiro resolveu brincar de outro patamar. No Prêmio Região do Cerrado Mineiro, em Uberlândia, uma única saca da Fazenda Dona Nenem, do produtor Eduardo Pinheiro Campos, saiu por R$ 200 mil. Não é erro de digitação. Um consórcio com Expocacer, Veloso Green Coffee, Marex e Nucoffee abriu a carteira e cravou o maior valor já pago numa saca de café em leilão no Brasil, empurrando o Leilão Solidário pra R$ 562 mil de faturamento e ainda garantindo 40% dessa bolada pra Escola de Atitude, projeto que forma jovens nas comunidades produtoras. Café especial aqui não é só bebida, é ativo de impacto social.

No resto do cardápio, o padrão também não tava nada básico. O café natural campeão, da Agropecuária São Gotardo Ltda, levou lance de R$ 100 mil e mais de 90 pontos na xícara, enquanto as categorias Fermentado e Doce Cerrado Mineiro mantiveram todo mundo acima de 80 pontos. A barista Maryana Castro batizou as amostras pra reforçar a personalidade dos grãos e o prêmio ainda distribuiu troféu pra quem planta futuro: o Laboratório Vivo da Auma Cafés levou o Atitude Sustentável e o projeto Os Encantos da Região do Cerrado Mineiro, da Carpec, saiu com o troféu Escola de Atitude. Aqui o storytelling vem com laudo técnico, não com filtro bonito no Instagram.

DE OLHO NO PORTO

Tarifaço perde força, mas ainda tá mordendo o agro brasileiro

O tarifaço de Trump afrouxou, mas não virou história passada. Depois que a Casa Branca tirou 238 itens da mira e aliviou café verde, carne e frutas, ainda tem um pedaço gordo da pauta brasileira pagando 50% de taxa extra na entrada nos EUA. Pelas contas de Geraldo Alckmin, 22% de tudo que o Brasil manda pros americanos continua sob sobretaxa, somando coisa de US$ 8,9 bilhões em exportações que ainda tão tomando pedrada na fronteira.

Na prática, o estrago segue bem distribuído. No café, a xícara ficou pela metade: o verde escapou da tarifaço, mas o solúvel continua com 50% na testa e a Abics já fala em queda de mais de 52% nos embarques pra prateleira dos EUA, abrindo espaço pra concorrente de outras origens. Máquinas e equipamentos agrícolas também ficaram de fora do alívio, segundo a Abimaq, isso trava contrato, embaralha planejamento e deixa a indústria com a sensação de ter sido esquecida no rolê. Na lista dos ainda castigados entram também madeira, pescados e mel, com serraria vendo exportação pros EUA despencar 55% e tentando segurar cliente.

Do lado diplomático, Brasília vende o recuo parcial como maior avanço desde agosto e garante que a negociação continua, com pedido de novas exclusões na fila. A avaliação dentro do governo é que o agro até consegue redirecionar parte das cargas, mas a indústria sofre bem mais pra achar rota alternativa. Enquanto isso, o produtor e o exportador seguem fazendo conta fina: o tarifaço perdeu peso no café e na carne, mas continua firme o bastante pra lembrar todo dia quem tá dependente demais do humor da Casa Branca.

COLHENDO CAPITAL

Adubo que rende grana e carbono: AgroSilício entra na conta dos CBIOs

Foto: AgFeed

O AgroSilício ganhou upgrade oficial no jogo da descarbonização. O fertilizante e corretivo de solo da Harsco Environmental agora tá dentro do RenovaCalc, a calculadora de carbono do Renovabio pra cana de açúcar. Na prática, usina que aplica o produto passa a poder gerar mais CBIO por litro de biocombustível, porque o adubo emite 95% menos carbono que os fertilizantes tradicionais.

Com a bênção da ANP, o AgroSilício entra no pacote que define quantos CBIOs uma usina pode emitir. Como cada crédito equivale a 1 tonelada de CO₂ que deixou de subir pro ar e o CBIO tá girando em torno de R$70 na B3, Wender Alves, presidente da Harsco na América Latina, resumiu bem a lógica. É quase como se esse valor ficasse descontado do adubo. Como o produto vem de resíduo industrial e segue a lógica de economia circular, a usina reduz pegada de carbono no campo e ganha fôlego extra na receita com créditos verdes, num mercado que já movimentou R$2,88 bilhões no 1º semestre de 2025 com 21,37 milhões de CBIOs emitidos.

Do lado da fábrica, o plano também tá acelerado. A Harsco colocou mais de R$220 milhões nas plantas de Timóteo e Ipatinga, elevou a capacidade pra 400 mil toneladas por ano e mira 1 milhão de toneladas em 5 anos, inclusive de olho em mercados como México. No campo, o AgroSilício atua como fonte de silício, condicionador de solo e substituto do calcário na correção de acidez, só que praticamente sem emissões de GEE. Enquanto o calcário joga algo perto de 440 quilos de CO₂ pra cada tonelada aplicada, o AgroSilício quase não solta gás nenhum. Ou seja, além de corrigir o solo, o adubo entra como sócio no balanço de carbono da fazenda.

PLANTÃO RURAL

  • Arrendatário no vermelho. O Banco Central acendeu a luz vermelha pro campo. Segundo Claudio Filgueiras, diretor do banco, o arrendatário que financia 100% do custeio teve prejuízo médio de 2,6% na safra 24/25 e não fecha conta nem com juro subsidiado. A inadimplência já bate 7,9% na pessoa física e chega perto de 15% somando atrasos, prorrogações e renegociações, com o Rio Grande do Sul na casa dos 30,6%.

  • Syngenta de olho em Hong Kong. A Syngenta voltou a flertar com a bolsa, agora em Hong Kong. Depois de engavetar um IPO de 9 bilhões de dólares em Xangai em 2024, o grupo estuda listar ações a partir de 2026 e até vender ativos menos rentáveis pra ficar mais enxuta antes de encarar o mercado.

  • Cana turbinada versão IAC. O Programa Cana IAC apresentou duas novas variedades pro Centro Sul, IAC07 2361 e IACCTC09 6166, focadas em alta produtividade, matéria prima de qualidade e boa adaptação à mecanização. O pacote vem com censo varietal safra 25 26, prêmio pras usinas que diversificam bem o canavial e até livro novo sobre tecnologia de produção.

  • Malha fina na pesca. O Ministério da Pesca suspendeu 35.750 licenças do Registro Geral da Atividade Pesqueira por suspeita de fraude. Quem caiu na lista tem 30 dias pra recorrer on line. No ano, já passam de 300 mil licenças canceladas por falta de recadastro, numa limpeza que mira fantasmas no sistema e fraudes em benefícios.

  • Granizo pesado no Norte gaúcho. O temporal de granizo de domingo judiou do Norte do Rio Grande do Sul. Em Erechim, quase 26 mil pessoas foram afetadas, 152 ficaram feridas e milhares de casas e galpões perderam telhado, com direito a falta de água em comunidades rurais. Lavouras de milho, soja, trigo, hortaliças e frutas também levaram pedrada, enquanto o governo estadual libera 1,5 milhão em ajuda emergencial.

SE DIVERTE AÍ

Hoje a brincadeira é de adivinhar palavra pelo feeling, não pela letra. No Contexto, você chuta qualquer palavra e o jogo te diz o quão próxima ela tá da resposta, com base em inteligência artificial. Vai afinando o palpite, indo das ideias nada a ver até chegar bem perto. É quase um brainstorm de lavoura de palavras: começa jogando café, soja, chuva, crédito e vê pra que lado o jogo te empurra. Quando acertar, já pode dizer que treinou o cérebro pra próxima reunião de pauta.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Cachaça

Pergunta de hoje: Qual queijo artesanal de Minas Gerais ganhou registro de indicação geográfica e reforçou o valor do leite de montanha?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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