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Bom dia!
O café brasileiro encontrou mesa nova na Rússia, enquanto os EUA amargam aumento nos preços internos depois de quase 50% de queda nos embarques após o tarifaço. No campo, o clima de desconfiança cresceu com investigações sobre vacina e ração, que deixaram centenas de animais no chão e produtores no prejuízo. No Congresso, representantes do setor pedem pro governo segurar a onda na hora da Lei da Reciprocidade.
Também tem:
• Produtor terá dois anos para montar brigada anti-incêndio
• Defensivos aplicados passam de 1,1 bi de hectares no semestre
• Soja segue em 178 mi t e milho pressiona preços globais
• Mel do Piauí entra na merenda escolar
• Festa do Peão de Barretos reúne 900 mil visitantes
Tudo que você precisa saber.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por BCB. A variação considerada nesta tabela é semanal.
A Céleres alerta que a volta da China às compras de soja americana pode derrubar prêmios no Brasil em 2026. Nos EUA, a produção de soja caiu para 116,8 milhões de toneladas, mas o milho bateu recorde com 425 milhões, pressionando preços globais.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Céu pesado no Sul, calor de rachar no Centro-Oeste

Foto: Freepik
Essa terça-feira promete drama no mapa do tempo. Uma frente fria estacionária mantém a instabilidade no Rio Grande do Sul, onde o Inmet emitiu alerta para temporais com ventos acima de 50 km/h e granizo. Santa Catarina e Paraná também entram na dança, mas com chuva mais concentrada no litoral.
No Sudeste, o sol domina entre São Paulo e Rio, enquanto Minas e Espírito Santo podem registrar pancadas isoladas. Já no Centro-Oeste, a regra é ar seco e calorão: Goiás, DF e Mato Grosso do Sul encostam nos 40 °C, com exceção de algumas áreas de Mato Grosso que ainda recebem chuva forte.
O Nordeste segue com chuva na faixa leste e tempo firme no interior, mas com umidade baixa à tarde. Já no Norte, a atenção fica para Acre, Rondônia e Amazonas, onde as pancadas vêm fortes e até com risco de temporais.
DE OLHO NO PORTO
Do Tio Sam pra Mãe Russia: café BR muda de destino

Foto: Getty Images/Canva
O café brasileiro tá mudando de mesa. Enquanto o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump azedou os embarques para os EUA, que caíram quase pela metade em agosto, os russos aproveitaram a deixa e estão subindo no ranking de fregueses do grão verde-amarelo.
De janeiro a julho, a Rússia importou 732 mil sacas, alta de 22% em relação a 2024, ocupando a oitava posição. O destaque ficou com os cafés especiais, que tiveram salto de 267% no período. Moscou mostra que já não quer só vodka.
Do outro lado, o mercado americano amarga: só entre 1º e 25 de agosto, os embarques caíram 46,6%. Parte dos contratos antigos ainda segura algum fluxo, mas novos negócios estão travados. Resultado? O consumidor ianque paga a conta, com alta de 33% no preço do café no mês.
RADAR DO AGRO
Usinas ligadas ao PCC processam 12,7 milhões de toneladas de cana

Foto: Wenderson Araújo/CNA
A StoneX não mexeu uma vírgula nas projeções da safra 2025/26. A soja segue prometida em 178,2 milhões de toneladas, com direito a produtividade recorde. O milho da primeira safra fica em 25,6 milhões de toneladas, 0,5% acima do ciclo passado.
No setor sucroenergético, as usinas citadas na denúncia do Ministério Público contra o PCC processam, aproximadamente, 12,75 milhões de toneladas de cana, o que equivale a 2,1% da moagem do Centro-Sul nesta temporada. A lista de fábricas vai de Itajobi a Catanduva e mostra que até o crime organizado andava de olho no caldo doce da bioenergia.
Na Alta Mogiana, o café amargou até 30% de quebra na produtividade. Entre estiagem longa e calor de estufa, teve lavoura que precisou de muito mais grão para encher a saca. O consolo é que a chuva recente deu fôlego às plantas e deixou o produtor sonhando com uma safra 2026 mais encorpada.
NA CANETADA
Produtor tem dois anos pra virar bombeiro

Foto: Secretaria de Agricultura de SP
O governo abriu a mangueira pra tentar apagar qualquer fogo. Uma nova resolução do Comitê de Manejo Integrado do Fogo dá até dois anos para que produtores rurais montem suas próprias estruturas anti-incêndio. A lista de exigências vai de curso de brigadista a caminhão-pipa, passando até por avião adaptado para jogar água na lavoura.
Vale tudo, mas depende do tamanho da fazenda. Pequenos terão de cortar o uso do fogo sem autorização, treinar funcionários e criar sistemas de alerta com os vizinhos. Médios precisam trazer monitoramento e equipamentos. Já os grandes ficam com a missão completa: reservatórios, torres de vigilância, rondas e até campanhas educativas contra o fogo.
Quem cumprir ganha ponto extra em caso de incêndio, e quem não cumprir pode ser enquadrado por omissão. O recado é simples: nada de deixar a lavoura, ou o país, virar carvão.
SAFRA DE CIFRAS
Pulverizador trabalhando dobrado: área tratada cresce 3,1% passa de 1,1 bi de hectares

Foto: Wenderson Araujo/CNA
O Brasil pulverizou com força no primeiro semestre. O uso de defensivos cresceu 4,5% e a área tratada subiu 3,1%, passando de 1,1 bilhão de hectares. É muito tanque cheio, segundo pesquisa da Kynetec Brasil encomendada pelo Sindiveg.
Quem puxou a fila foi a safrinha, com milho e algodão recebendo mais inseticida e fungicida que os outros. Já a soja sofreu no sul do país, onde seca e calor derrubaram a aplicação de fungicidas e deixaram o manejo no chinelo.
Na divisão, 40% foram herbicidas, 29% inseticidas e 21% fungicidas. O milho liderou com 33% da área tratada, seguido da soja com 28% e do algodão com 16%. Mato Grosso e Rondônia concentraram 38% do total, mostrando que o pulverizador lá não descansa nem no fim de semana.
RADAR SANITÁRIO
Insumos matando mais que praga

Foto: Marinês Oliveira/Arquivo Pessoal
O campo anda desconfiado do que entra no cocho e no curral. O Ministério da Agricultura investiga 308 mortes de bovinos, caprinos e ovinos que podem estar ligadas à vacina Excell 10, usada contra clostridioses, um grupo de bactérias que ataca o gado de forma fulminante. O produto da Dechra Brasil teve todos os lotes suspensos e agora está sob lupa em testes que devem durar 60 dias.
A fabricante correu para abrir um 0800, mas não convenceu. Produtores se perguntam se a seringa está salvando ou complicando a vida do rebanho. Oficialmente, o governo garante que a vacinação continua sendo segura, mas até lá a pulga atrás da orelha já virou um boi inteiro.
Entre os cavalos, a história é ainda mais amarga. A ração da Nutratta foi confirmada como causa de 284 mortes após análises detectarem monocrotalina, uma toxina que vem de plantas como o confrei e é proibida para equinos. O problema é que os sacos contaminados seguem empilhados nos estoques de lojistas, sem recolhimento e sem explicação.
O estrago não se mede só em dinheiro, mas ele pesa: um criador de São Paulo calcula R$ 500 mil de prejuízo e fechou seu centro de treinamento após perder dez animais. No interior de Minas, uma comerciante recolheu rações por conta própria e ficou com mais de 50 sacos encalhados. No Espírito Santo, outra devolveu dinheiro aos clientes e encerrou o negócio.
Entre vacina sob suspeita e ração tóxica, o saldo é o mesmo: produtores no prejuízo, famílias arrasadas e animais que viraram estatística.
PLANTÃO RURAL
Defensivos em julgamento. A Famato entrou como “amiga da corte” em ação do PT contra a Lei 12.859 em MT. A entidade defende regras técnicas para defensivos e diz que sem eles o Brasil perde até 40% da produção. Produtividade e meio ambiente são as cartas da defesa.
Xi quer nova ordem mundial. Na cúpula da Organização para Cooperação de Xangai, Xi Jinping lançou a Iniciativa de Governança Global ao lado de Putin e Modi. O trio promete derrubar muros erguidos por Trump e suas tarifas de 50%.
Reciprocidade com cautela. A FPA e a CNI pediram calma ao governo antes de acionar a Lei da Reciprocidade contra os EUA. Empresários vão a Washington tentar aliviar os 50% de Trump. A palavra de ordem segue sendo negociação, não retaliação.
Dreyfus abocanha ativos. A Louis Dreyfus comprou operações da Bunge na Hungria e Polônia, incluindo fábricas de girassol e canola. A jogada reforça presença na Europa Central e foi exigência para aprovar a fusão da Bunge com a Viterra.
Carbono medido a dedo. O IBRA Megalab já fez 375 mil análises de carbono no solo em cinco anos. Com QR Code na coleta e tecnologia de ponta, o laboratório virou referência em crédito de carbono e agricultura regenerativa no Brasil.
Mel na merenda. Com o tarifaço fechando o mercado americano, 11
toneladas de mel do Piauí foram parar na merenda escolar de 178 mil alunos. Bolos, vitaminas e frutas agora ganham doce natural e os apicultores respiram aliviados.
Barretos lotado. A 70ª Festa do Peão de Barretos atraiu mais de 900 mil pessoas com 130 shows, rodeio milionário e DVD de Ana Castela. Em 2026, o evento volta de 20 a 30 de agosto prometendo repetir a dose de música e negócio
SE DIVERTE AÍ
Tá com a cabeça fervendo de tarifaço, defensivo e cotação de commodity? Então dá um tempo e bora brincar de Contexto, aquele jogo viciante em que você tem que adivinhar a palavra secreta chutando outras até chegar perto. Quanto mais próximo, mais quente fica o termômetro.
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VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Sorgo
Pergunta de hoje: Qual planta cultivada há mais de 3 mil anos na Ásia é usada até hoje para produzir fibras e óleo comestível
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
