
APRESENTADO POR

Bom dia!
A Petrobras sondou caminhos na Raízen e o mercado respondeu. No tabuleiro externo, Haddad relata um impasse duro com os Estados Unidos enquanto o Cade aperta o cerco e suspende a Moratória da Soja, movimento que pode mexer com compliance, compras e reputação.
Também tem:
• Soja deve embarcar 9,2 milhões de toneladas em agosto
• Fertilizantes batem recorde de importação em julho e preços sobem
• Balança registra superávit na terceira semana de agosto
• Adecoagro amarga prejuízo no trimestre com quebra de cana
• Cooperativa é condenada por poluição em córrego no Paraná
Pra você se inteirar em tudo que tá rolando no agro.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por BCB e YahooFinance.
As ações da Raízen dispararam até 16% após rumores de que a Petrobras avalia entrar como sócia ou comprar ativos da companhia. A estatal não confirmou, mas o mercado reagiu. Mesmo assim, a empresa ainda amarga queda de 45% no ano, sendo a pior do Ibovespa.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Veranico torando e ciclone no retrovisor

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
O inverno decidiu dar uma escapada e vai deixar o Brasil com cara de verão. Entre os dias 20 e 25 de agosto, um bloqueio atmosférico promete sol forte e termômetros batendo 38 °C a 40 °C em boa parte do Centro-Oeste, interior de São Paulo e até norte do Paraná. No Rio, os 30 °C voltam fácil já no meio da semana.
Enquanto isso, o Sul prepara o guarda-chuva: um novo ciclone extratropical se forma entre Argentina e Uruguai e deve espalhar temporais pelo Rio Grande do Sul e oeste de SC e PR já a partir de hoje (19). A previsão inclui raios, rajadas de vento de até 90 km/h e uma trégua no calorão local.
No Nordeste, a atenção fica para chuvas fortes no litoral de Sergipe, Pernambuco e Alagoas, enquanto o sertão segue seco. Já no Norte, o padrão é de pancadas isoladas no Acre, Rondônia e Amazonas, mas com risco de chuva intensa em Roraima e Amapá.
PAUTA VERDE
Plano Clima esquenta a briga entre o campo e o verde

Foto: Wenderson Araujo/CNA
O Plano Clima mal saiu da gaveta e já virou B.O. político. O governo quer que a agropecuária corte 36% das emissões até 2030 e 54% até 2035. Para chegar nesses números, somou na conta do setor não só os 643 milhões de toneladas de CO2 da produção, mas também mais 813 milhões vindos de desmatamento, e foi aí que o caldo entornou.
Entidades do agro e a bancada ruralista acusam o texto de transformar o produtor no vilão climático do Brasil, justo às vésperas da COP30, em Belém. Eles dizem que o plano desconsidera avanços sustentáveis no campo, como integração lavoura-pecuária-floresta, bioinsumos e plantio direto, e ainda serve de bandeja para que Estados Unidos e União Europeia usem o tema como barreira comercial.
Bruno Lucchi, da CNA, reclama que a proposta “passa uma mensagem errada” e pode até reforçar classificações de alto risco para o Brasil na Lei Antidesmatamento da União Europeia. Parlamentares também acusam o governo de usar bases de dados “não oficiais”, como o MapBiomas, e modelos pouco transparentes, como o sistema Blues.
O Ministério do Meio Ambiente não arredou o pé. A Pasta diz que o plano já considera as remoções de carbono feitas no campo, garante estabilidade das emissões até 2035 e aposta em novas tecnologias para aumentar a produção com menos impacto. Ambientalistas foram além: afirmaram que 75% das emissões brutas do país estão ligadas ao agro e que, em grande parte, área derrubada vira pasto.
Enquanto o setor pede que a conta do desmate fique com o poder público, ambientalistas defendem que o produtor “faça o dever de casa”. No meio disso, o prazo da consulta pública terminou ontem, com o agro ainda tentando convencer o Ministério da Agricultura a bater de frente com o do Meio Ambiente.
RADAR DO AGRO
Tilápia tá nadando bem em casa, mas pode afogar lá fora

Foto: Ernesto de Souza
O primeiro semestre foi de braçadas largas para a piscicultura brasileira: as exportações de tilápia cresceram 52%, puxadas pelos embarques de filé fresco aos Estados Unidos, que sozinhos levaram 90% da produção exportada. O mercado interno também deu sinais positivos, com mais oferta, queda nos preços e peixes chegando à mesa dos consumidores mais gordos, o peso médio subiu de 921 gramas para 1,023 kg.
Mas a maré virou rápido. O tarifaço deve praticamente zerar os embarques no segundo semestre, jogando o excesso de oferta para dentro de casa. O problema ganha tempero extra com o filé de tilápia importado do Vietnã, que chega ao mercado brasileiro a preços bem abaixo dos nacionais, acendendo o alerta de dumping e de quebra de competitividade para produtores locais.
Com margens apertadas (a bruta caiu quase pela metade no semestre) e importações ameaçando o setor, a tilápia, que já responde por 70% da aquicultura nacional, entra em águas turbulentas. A saída, segundo especialistas, passa por abrir novos mercados e diversificar produtos, para que o peixe que mais cresce no Brasil não acabe engolido pela concorrência internacional.
ASSUNTO DE GABINETE
Cade suspende a Moratória da Soja e acende fogo cruzado

Foto: Vinícius Mendonça/Ibama
A Superintendência-Geral do Cade mandou suspender, em caráter preventivo, a Moratória da Soja, acordo firmado por 30 grandes tradings para barrar a compra do grão produzido em áreas desmatadas da Amazônia Legal após 2008. Para o órgão, o pacto cheira a formação cartel e restringe a concorrência entre exportadoras.
O inquérito, aberto no ano passado a pedido da Comissão de Agricultura da Câmara e da Aprosoja-MT, ganhou força com apoio da CNA. Agora, as empresas têm dez dias para abandonar o acordo, sob pena de multa diária de R$ 250 mil. A bola passa para o Tribunal do Cade, que sorteará um relator para decidir se mantém ou não a suspensão.
A medida escancarou divisões no governo: enquanto o Ministério da Agricultura já tinha se posicionado contra a moratória, Fazenda e Meio Ambiente temem que a decisão arranhe a imagem do Brasil em plena vitrine internacional da agenda verde.
SAFRA DE CIFRAS
Brasil, o paraíso do churrasco

Foto: Freepik
O brasileiro pode até reclamar do preço na gôndola, mas a matemática global não mente: a carne bovina aqui é a mais barata do mundo. Somos o segundo maior produtor, com 11,2 milhões de toneladas previstas em 2025, e ainda assim ficamos lado a lado com os americanos no consumo por pessoa, mesmo com um PIB per capita oito vezes menor.
No atacado, a diferença é gritante. Uma arroba desossada custa R$ 339 no Brasil contra R$ 2.237 nos EUA. No varejo, um quilo de acém sai por R$ 39 no mercado brasileiro, enquanto os americanos pagam mais de R$ 100 e os chineses quase R$ 70. Com um salário mínimo, o brasileiro compra mais carne do que um americano ou um chinês.
Esse “milagre do churrasco barato” vem da eficiência: o desfrute do rebanho subiu de 18% em 2012 para 22% hoje, e a área de pastos degradados caiu quase 7 pontos percentuais desde 2000. O resultado é mais carne, menos terra e uma vitrine verde que atende mercado e exportação.
DE OLHO NO PORTO
Exportações de boi vivo na mira

Foto: CNA/Flickr
O projeto de lei que quer acabar com a exportação de gado em pé em até dez anos caiu atravessado na mesa dos pecuaristas. A União Nacional de Pecuária diz que o tema não é só sobre comércio, mas sobre o direito do produtor de escolher a quem vender. E alerta que, se o Brasil fechar a porteira, os compradores vão simplesmente bater em outras.
Para a UNAPEC, a exportação de animais vivos é mais que negócio: é autonomia. Ela permite ao pecuarista negociar direto com o importador, sem ficar refém dos frigoríficos. O setor também rebate as críticas de bem-estar, lembrando que os embarques seguem normas rígidas, com água, comida e veterinário a bordo. Há relatos até de boi que chega mais pesado no destino.
Do outro lado tá o projeto da deputada Duda Salabert (PDT), que prevê cotas anuais progressivas até a proibição total em cinco anos. A justificativa mistura bem-estar, segurança sanitária e incentivo a exportações de carne de maior valor agregado. Só que o setor lembra: em 2024 o Brasil exportou um milhão de bovinos vivos, recorde histórico.
PLANTÃO RURAL
Soja firme nos portos. As exportações brasileiras de soja devem alcançar 9,2 milhões de toneladas em agosto, alta de 15% frente ao mesmo mês de 2024. A China segue como principal destino, comprando 70% do total, enquanto UE, Tailândia e Vietnã também ampliaram a demanda.
Cooperativa multada por violações ambientais. A Lar Cooperativa, do Paraná, foi condenada a pagar quase R$ 69 mil em indenizações por poluir um córrego em Matelândia e causar a morte de mais de 500 quilos de peixes. O caso ocorreu em 2020 e o valor será destinado ao Fundo Estadual do Meio Ambiente.
Tarifaço sem saída. Haddad disse que os EUA exigem uma solução “constitucionalmente impossível” para rever a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. O ministro critica a postura de Washington e prevê queda ainda maior no comércio bilateral, que já é metade do que foi nos anos 80.
Fertilizantes recordes. O Brasil importou 4,79 milhões de toneladas de fertilizantes em julho, recorde histórico para o mês. O movimento foi puxado pelo avanço da safra e pelo medo de sanções ligadas à Rússia. Com a demanda aquecida, preços subiram até 16% em um ano.
Superávit na balança. A terceira semana de agosto fechou com superávit comercial de US$ 1,09 bilhão. As exportações somaram US$ 6,6 bilhões, puxadas por alta de 14,9% na agropecuária. No ano, o saldo positivo já chega a US$ 40 bilhões.
Adecoagro no vermelho. A quebra de safra de cana derrubou os resultados da Adecoagro no 2º trimestre. A empresa registrou prejuízo de US$ 14 milhões, com queda de quase 20% na moagem e recuo de mais de 20% na produção de açúcar, etanol e energia.
SE DIVERTE AÍ
Hoje a pedida é o Termo, o jogo que virou mania entre os fãs de palavras. Todo dia, você tem seis tentativas para adivinhar um termo secreto em português. As dicas aparecem nas cores: verde quando a letra está certa e no lugar certo, amarelo quando está na palavra mas fora de posição e cinza quando não faz parte.
É simples, viciante e ótimo para dar aquela pausa no expediente sem culpa. O desafio se renova diariamente e, se bobear, você ainda entra na disputa com amigos para ver quem acerta mais rápido. Bora tentar a sorte? 👉 Jogue aqui
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Mamona
Pergunta de hoje: Qual fruto tropical brasileiro já foi usado como moeda de troca por povos indígenas?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!