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Bom dia!

A COP30 nem começou e o agro já quer mostrar serviço. A Coalizão da Agricultura levou a Brasília um plano bilionário pra zerar emissões até 2050, enquanto a Embrapa transformou barragens de mineração em laboratório de revegetação no Cerrado. No campo, a soja espera chuva, o Senar leva técnica pra quem precisa e a Petrobras voltou a produzir fertilizante.

Pra você acordar bem informado.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

MERCADO
IBOVESPA (B3) 141.708,19 19,55%
RAIZ4 R$0,88 -58,69%
ABEV3 R$11,72 5,35%
BEEF3 R$6,46 35,71%
Bitcoin US$121.572,69 23,92%
Ethereum US$4.365,814 21,10%

Os dados são publicados por BCB e Brapi.
As variações são calculadas em YTD (Year to date)

PAUTA VERDE

Descarbonizar em primeiro lugar

Foto: Freepik

A Coalizão da Agricultura quer provar que dá pra crescer a produção, sem deixar rastro de carbono. O grupo, que reúne gigantes como Amaggi, Nestlé e Bayer, levou pra presidência da COP30 um plano pra cortar entre 59% e 67% das emissões líquidas de carbono até 2035, e zerar tudo até 2050. A meta é alta e o campo vai ter que jogar com o time pra frente pra chegar lá.

O plano aposta em cinco alavancas que já tão no radar do produtor há um tempinho, mas falta incentivo e adesão: plantio direto, cobertura vegetal, ILPF, pastos bem manejados (e recuperados) e rebanho mais produtivo. Essas práticas sozinhas podem responder por 80% da redução. O resto vem de uma segunda leva, com agricultura digital, bioinsumos, manejo de resíduos e fertilizantes inteligentes.

Mas o papo é reto: pra transformar discurso em resultado, o campo vai precisar de cheque. A conta fica entre US$ 120 e 170 bilhões até 2050, e o Plano Safra e o Ecoinvest ainda não vão dar conta do tranco. Segundo a coalizão, o Brasil já tem tecnologia e produtor tá disposto, só falta o empurrão financeiro pra provar que o agro pode zerar carbono sem zerar lucro.

SAFRA DE CIFRAS

Minerando vida

Foto: Embrapa

Em Paracatu (MG), a Embrapa Cerrados e a mineradora Kinross Gold tão mostrando que dá pra trocar as barragens de rejeitos de mineração por vida verde. As barragens da mina Morro do Ouro viraram laboratório vivo pra testar a revegetação de áreas degradadas. O desafio é grande, o solo é ácido, compactado e cheio de metais pesados, praticamente uma dieta impossível pra florescer.

A pesquisa busca criar um protocolo que possa ser replicado em todo o país, com espécies nativas e adaptadas ao bioma. Saiu azevém e aveia-preta pra entrar braquiária humidicola, estilosantes e grama pensacola. A ideia é simples e tem potencial pra ser genial: cobrir o solo com plantas que regenerem o ambiente sem colocar a barragem em risco, e os resultados já tão brotando.

Com o projeto, a Embrapa quer provar que restaurar o Cerrado é ciência de precisão. As primeiras mudas mostram que até o solo mais sofrido e castigado pode voltar a germinar quando tratado com conhecimento e paciência.

O AGRO EM NÚMEROS

Café fraco por aqui, mas fortíssimo lá fora

O café segue girando o globo, e de jeitos bem diferentes. O Vietnã tá colhendo um 2025 de encher os olhos, a safra de robusta deve crescer até 15% e já rendeu US$ 7 bilhões em exportações, alta de 62%. Enquanto isso, no Brasil, o café amarga outra história: as exportações caíram 18% em setembro e os produtores seguem na orelha do governo contra o tarifaço. Mesmo com a queda no volume, a receita subiu 11%, prova de que o grão segue valendo ouro.

Indo do café pro canavial, o combustível verde tá ganhando cada vez mais espaço. A Copersucar estima que a produção de biometano no Brasil pode mais que triplicar até 2027, dos atuais 656 mil m³ por dia pra 2,3 milhões. Se só 20% desse potencial sair do papel, o país deixa de importar metade do diesel que compra hoje.

Nos bioinsumos, o crescimento é digno de startup em fase de investimento. A Coopercitrus, que reúne mais de 40 mil produtores, viu o uso desses produtos subir 37,5% em um ano, mas o volume bruto ainda é só 3% do total. O presidente da cooperativa, Matheus Marino, diz que o agricultor tá sendo bombardeado por tanta tecnologia que precisa de mais gente em campo pra traduzir o manual.

E se o produtor não compra à vista, ele parcela em grupo. O consórcio de máquinas agrícolas cresceu 149% em cinco anos, chegando a 460 mil participantes ativos. A Abac diz que o valor médio de crédito gira na casa dos R$ 565 mil e que o sistema virou um cartão de crédito do campo, só que sem juros e com paciência.

Já nas prateleiras, a Camil sentiu o peso da concorrência e fechou o trimestre com lucro 33% menor. A receita caiu 8,6%, o Ebitda encolheu quase 13% e a alavancagem subiu pra 4,1 vezes. Mas nem tudo é arroz queimado: o braço internacional da companhia cresceu 26% nas vendas, mostrando que, quando o mercado interno aperta, o negócio é olhar pra fora.

Na granja, o Brasil tem motivo pra estourar champanhe, ou quebrar mais um ovo. Segundo a ABPA, o país deve produzir 62 bilhões de unidades de ovos em 2025, uma alta de 7,5% em relação ao ano passado, e entrar pro top 10 mundial de consumo. Cada brasileiro vai mandar pra dentro, em média, 288 ovos neste ano. Se continuar nesse ritmo, 2026 promete novo recorde e o sétimo lugar no ranking global.

E no Sul, a cebola voando. Santa Catarina deve colher 594 mil toneladas na safra 2025/26, avanço de quase 7% segundo a Epagri. A produtividade média subiu pra 30,4 toneladas por hectare, e mais de 90% das áreas estão saudáveis. Só falta o preço acompanhar o cheiro bom da colheita.

ASSUNTO DE GABINETE

Senado quer botar preço no carbono (e pressa no governo)

Foto: FPA

O Senado resolveu abrir a porteira pra discutir o carbono que anda correndo soltinho no país. A Comissão de Agricultura debateu a regulamentação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões, o famoso SBCE. A ideia é dar segurança jurídica e botar ordem no mercado antes que vire bagunça.

O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) deu a call: sem regras claras, ninguém investe e o agro fica no escuro, sem saber se vai ganhar ou perder com o novo mercado. Já Zequinha Marinho (PODEMOS-PA) pediu que o sistema não vire um labirinto burocrático, quer algo simples, transparente e, se possível, que o agricultor entenda sem precisar de um tradutor.

Hamilton Mourão (REPUBLICANOS-RS) lembrou que o relógio tá correndo. O prazo pra regulamentar a lei acaba em dezembro e o governo ainda tá enrolando. Enquanto isso, Flávio Arns (PSB-PR) resumiu o sentimento geral dizendo que o mercado de carbono tá engatinhando, e o Brasil precisa parar de brincadeira e ensinar o setor a andar, ou até correr.

MENTES QUE GERMINAM

Senar e MDA de mãos dadas pra orientar

Foto: Agência Brasil

O Senar e o Ministério do Desenvolvimento Agrário resolveram arregaçar as mangas juntos. As duas entidades firmaram um novo acordo que vai levar assistência técnica gratuita pra 100 mil pequenos produtores em todo o país. Um reforço de peso pra quem toca a roça na raça e tem que ouvir orientação do consultor da revenda. Cada família vai ter acompanhamento direto de um técnico por dois anos, pra transformar planejamento em produtividade.

O pacote inclui capacitação, cursos e treinamentos pra que o produtor aprenda a gerir a propriedade com olho de gestor e mão de agricultor. João Martins, da CNA, destacou que o Senar ajuda o produtor a traçar e seguir um plano de negócio sob medida. Ou seja, nada de receita pronta, tudo feito a partir de análises pra fazer o campo render mais e melhor.

NAS CABEÇAS DO AGRO

Soja implorando por chuva

GIF: Giphy/Spongebob Squarepants

Em Primavera do Leste (MT), o plantio da soja tá daquele jeitão, esperando São Pedro responder. As chuvas irregulares deixaram o campo dividido: uns já semearam até 40% da área, outros tão só de olho pro céu, esperando vir alguma nuvem. Com custos altos e margens apertadas, o lema dessa safra é prudência e paciência.

A Grande Primavera, que abrange 11 municípios, deve plantar 1,6 milhão de toneladas nesta temporada, tentando repetir a produtividade de 52 sacas por hectare do ano passado. A entrega de insumos demorou, mas as chuvas do fim de setembro deram um empurrão. Agora o jogo é de paciência: quem for apressadinho demais pode ver a semente cozinhar no solo quente.

PLANTÃO RURAL

  • Agroforte cresce no crédito rural. A fintech levantou R$ 60 milhões com investimentos de XP e EQI pra expandir seu Fiagro e originar R$ 500 milhões em crédito em 2026, mirando R$ 1 bi em 2027. O modelo de consignado do agro via indústrias mantém inadimplência em 1,5%.

  • Europa quer banir hambúrguer vegano. O Parlamento Europeu aprovou restringir termos como “bife” e “salsicha” em rótulos de produtos vegetais. A decisão ainda precisa de aval dos países-membros. No Brasil, MT discute proibição parecida e SP já vetou um projeto assim.

  • Armazenagem em crise no MT. A Aprosoja-MT alertou que mais de 50% da safra pode ficar sem espaço pra estoque. Juros altos e menos subvenção do Plano Safra travam a construção de novos silos. Sem estrutura, o frete vira vilão e o produtor perde fôlego pra segurar grão.

  • Falsa couve leva família ao hospital. Quatro pessoas foram internadas em Minas após comerem a planta tóxica Nicotiana glauca, confundida com couve. O vegetal contém anabazina, um alcaloide que causa paralisia muscular e pode ser fatal.

  • Canola australiana ganha espaço no Sul. A 3tentos trouxe ao Brasil uma variedade australiana de canola que reduziu as perdas e melhorou o rendimento da produção no RS. Com adesionantes e novas técnicas, a cultura virou aposta de inverno mais lucrativa que o trigo.

  • SP proíbe queima controlada. Por causa da seca e do calor acima dos 40 °C, o governo paulista prorrogou até 31 de outubro a proibição de queimas agrícolas. A meta é evitar incêndios e proteger o ar.

  • MP da taxação caduca no Congresso. A Câmara derrubou a MP 1303, que unificava em 18% a taxação de investimentos e propunha taxar LCIs e LCAs em até 7,5%. O governo perde R$ 17 bi esperados e deve buscar novas fontes de receita.

  • Tecnologia economiza água no café. Vinte fazendas do Cerrado Mineiro vão adotar irrigação inteligente da empresa suíça xFarm, em parceria com o Consórcio Cerrado das Águas. O sistema já poupou até 30% de água nos testes e promete reforçar a sustentabilidade da cafeicultura.

  • Petrobras reativa fábrica de fertilizantes. A estatal vai investir R$ 38 milhões pra reabrir a Fafen-BA e outro tanto em Sergipe, retomando a produção de ureia e amônia. A meta é cobrir 20% da demanda nacional em 2026. Fertilizante caseiro, sorriso no campo.

SE DIVERTE AÍ

Tá achando que conhece todos os países do mundo? Então bora testar o GPS mental no Flagle, o jogo que mostra uma bandeira por dia pra você adivinhar qual é o país. Cada chute revela o quanto você tá longe da resposta.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Camellia sinensis (de onde vem os chás pretos e verdes)

Pergunta de hoje: Qual fruta americana encantou Cristóvão Colombo e virou símbolo do Havaí, mesmo sendo originária da América do Sul?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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