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Bom dia!
O Brasil deixou o Mapa da Fome e agora quer mostrar no palco da COP30 que comida no prato também é política climática. O Mapa apresentou o Plano Safra na Fiesp e corre pra reverter o tarifaço dos EUA enquanto abre mercado mundo afora. No campo, a gripe aviária volta a ciscar em Minas e o clima entra no modo turbo com estações modernizadas pelo Inmet. E no Pará, pecuaristas travam um embate jurídico com o governo por causa do rastreio obrigatório do gado.
Também tem:
• Europa engole tarifa de Trump e assina acordo no prejuízo
• CropLife treina a PM pra combater defensivo pirata
• Radar Agro Espresso com IA que simula lavoura antes do plantio
• E um agro que se conecta, se protege e não foge da briga
Só o que importa. Direto, claro e no ponto.
Ontem foi Dia do Agricultor, e a gente não podia deixar passar em branco. Nosso parabéns e agradecimento a todos que acompanham a Agro Espresso e fazem do campo um lugar de trabalho, cuidado e futuro.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por BCB e YahooFinance.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Frio no rastro do ciclone

Foto: Freepik
Depois do vendaval, vem o frio. Então tira o corta-vento e coloca um moletom aí. Com a saída do ciclone extratropical que bagunçou o tempo no fim de semana, uma massa de ar frio avança pelo Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste nesta terça (29). A previsão do Inmet indica mínimas de 10 °C em São Paulo e geadas isoladas em boa parte do Sul do país.
A friaca também pode dar as caras no sul de Minas, Triângulo Mineiro e sul de Mato Grosso do Sul, com chance de geada até quarta. Já no resto do Centro-Oeste, só calor seco: Goiás, DF e Mato Grosso seguem com sol e falta de umidade no talo: 20% ou menos à tarde.
No litoral nordestino, o frio virou chuva. A frente fria avança até o sul da Bahia e reforça o risco de temporais entre Maceió e Recife. No Norte, a instabilidade se concentra no Acre e no oeste do Amazonas, com chuvas moderadas a fortes. Em Manaus, segue o calorão: 35 °C de máxima.
NAS CABEÇAS DO AGRO
Fome fora do cardápio

Foto: REUTERS/Amanda Perobelli
O Brasil voltou a sair do Mapa da Fome da ONU. Segundo relatório da FAO, divulgado nesta segunda, menos de 2,5% da população enfrenta subnutrição ou insegurança alimentar. A última vez que isso tinha acontecido foi em 2014.
A meta do governo era ousada: sair até 2026. Mas veio antes do previsto. Com base nos dados da EBIA aplicados pelo IBGE, o governo afirma que 24 milhões de pessoas deixaram a condição de fome grave até o fim de 2023. O ministro Wellington Dias credita o feito ao Plano Brasil Sem Fome, lançado no início do atual mandato.
O cenário em 2022 era pesado: inflação nas alturas, economia fragilizada pós-Covid e rede de proteção social desmontada. Reverter isso em dois anos virou trunfo político, e Lula correu pro X comemorar.
“É possível combater a fome e construir um país mais justo”.
Lá fora, o Brasil também engrossou o caldo. Em novembro, na cúpula do G20 no Rio, puxou a criação da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, com 148 membros entre países, instituições e fundações. Produzir alimento a gente já sabe. O desafio é garantir que ele não falte no prato.
RADAR DO AGRO
Milho acelerando fundo

Foto: CNA/Flickr
A colheita da safrinha já passou dos 68% no Centro-Sul, segundo a AgRural. A combinação de tempo seco agora e previsão de chuva nos próximos dias virou a chave da correria nos produtores, que estão agilizando pra tirar o grão do campo antes que a umidade embarre o jogo.
O número ainda tá atrás dos 91% do ano passado, mas o que importa mesmo é o rendimento. E aí vem a boa notícia: as produtividades estão altas, reforçando a aposta de safra recorde. A estimativa atual é de 136,3 milhões de toneladas.
No mundo, o milho também tá em alta: a safra global deve alcançar 1,276 bilhão de toneladas. Mas o que interessa por aqui agora é meter marcha antes que a colheitadeira afunde na lama.
ASSUNTO DE GABINETE
Licenciamento na corda bamba

Foto: Pixabay
O novo projeto de lei do licenciamento ambiental mal foi aprovado e já tá na mira do Supremo. Enquanto entidades do agro pressionam pela sanção integral, ambientalistas pedem veto total, e, se Lula não vetar, o STF pode acabar cortando o que for considerado exagero.
O primeiro ponto polêmico é a LAC: Licença por Adesão e Compromisso. Já usada para projetos de baixo impacto em alguns estados, agora ela valeria também para empreendimentos de “médio impacto”, como a pecuária intensiva. O problema? O STF já barrou esse tipo de ampliação no passado e pode fazer de novo.
A segunda dor de cabeça é a LAE, ou “licença expressa”, que pula etapas do licenciamento tradicional para projetos considerados estratégicos pelo governo. Só que o texto não exige critérios técnicos objetivos. Em outras palavras, pode ser tudo ou qualquer coisa, e isso costuma feder no Supremo.
Por fim, o famoso jabuti: um artigo do projeto revoga trechos da Lei da Mata Atlântica sem ter relação direta com o tema original do PL. O STF já declarou esse tipo de manobra inconstitucional. Se o texto for sancionado como está, a judicialização vem a galope.
DE OLHO NO PORTO
Maduro achou que era cachorro grande, mas era Chihuahua

Foto: REUTERS/Manaure Quintero
O tarifaço relâmpago da Venezuela durou só o fim de semana. Depois de anunciar alíquotas de até 77% sobre produtos brasileiros, Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, voltou atrás nesta segunda (28) e restabeleceu a isenção para mercadorias com certificado de origem. A decisão tirou um peso das costas do agro e devolveu a calma à fronteira.
O recuo veio na base da pressão. O presidente da Câmara Venezuelana de Roraima, Eduardo Ouché, acionou a diplomacia brasileira, o governo de Roraima se mexeu, e o alerta econômico fez barulho. Com o comércio entre os países ameaçado, a reversão virou prioridade.
Antônio Denarium, governador de Roraima, celebrou a notícia e lembrou que a Venezuela é o principal posto de exportação para produtos brasileiros com certificado de origem. A medida tinha travado negócios, ameaçado empregos e bagunçado a arrecadação. Agora, com os impostos fora do caminho, os caminhões voltam a cruzar a fronteira.
CAIXA DE FERRAMENTAS DA SEMANA
IA até pra manejo

Foto: Freepik
A Calice.ai quer encurtar o caminho entre o laboratório e a lavoura. A agtech, nascida na Argentina e com operação no Brasil, criou a NODES™, uma plataforma que usa inteligência artificial e simulações avançadas pra prever o desempenho de sementes, bioinsumos e defensivos, tudo antes de pisar no campo. O resultado? Até 80% menos testes físicos e ciclos de desenvolvimento cortados pela metade.
A tecnologia já chamou atenção de gigantes como a Pioneer e levantou US$ 2,5 milhões em rodada liderada pela Astanor. Com escritório no Paraná e planos de expansão para EUA e Europa, a Calice promete dar gás pra quem precisa testar rápido, gastar menos e tomar decisão com base em dado, não chute.
É o agro entrando na onda das IAs, aproveitando pra depender menos tentativa e erro, e mais de ciência e precisão.
COMO TÁ LÁ FORA
O boi tá magro nos EUA

Foto: NCBA
O rebanho bovino dos EUA segue encolhendo e agora chegou ao menor nível para julho desde 1973: 94,2 milhões de cabeças, segundo o USDA. A queda foi de 1% em relação ao ano passado. Pode parecer pouco, mas é o terceiro ano seguido de recuo. Os frigoríficos seguem no aperto, sem boi e com margem negativa.
A análise do Barclays até viu um fiapo de esperança: o número ficou acima do esperado pelo mercado (que projetava 93,6 milhões), e o ritmo de queda desacelerou: foram -3% em 2023 e -2% em 2022. Mas o fundo do poço pode ter chegado, e ninguém tem escada pra sair de lá.
A reposição continua travada. O número de novilhas caiu 3%, piora em relação aos anos anteriores e sinal claro de que a reconstrução do rebanho nem começou. E sem novilha, não tem bezerro. Sem bezerro, não tem gado gordo. E sem gado, a Tyson, a JBS e a Marfrig seguem tomando prejuízo no mercado americano.
Enquanto isso, o preço da carne sobe e começa a espantar o consumidor. Se a troca pelo frango e pelo suíno ganhar força, o problema vira duplo: pouco boi na fazenda e cliente fugindo no balcão.
PLANTÃO RURAL
Plano Safra em SP, dólar nervoso em DC. Enquanto o tarifaço dos EUA paira como nuvem de gafanhoto, o Mapa se reuniu com o agro paulista na Fiesp. Entre um café e outro, anunciou o Plano Safra de R$ 516 bi e reforçou que o plano B pras taxas americanas é abrir mercado. Já foram 397 novos destinos desde 2023. Rota tem, só falta embarcar.
Upgrade na meteorologia. O Inmet começou a trocar seus velhos transmissores por equipamentos que mandam dados a cada 15 minutos. A ideia é prever eventos extremos com mais agilidade e menos achismo. A primeira leva foi pro Rio Grande do Sul, onde estação meteorológica virou item de sobrevivência.
Brinco, brete e briga na Amazônia. O programa de rastreio de gado do Pará foi parar na Justiça. Pecuaristas alegam que 80% das fazendas nem brete têm e chamam o decreto estadual de inconstitucional. Já o governo defende o sistema como credencial climática na COP30.
Galinha caipira contaminada. MG confirmou um novo caso de gripe aviária, desta vez em uma galinha doméstica em Esmeraldas. É o 5º foco no estado e o 185º no Brasil. A doença segue sem afetar o comércio nacional, mas lá fora o Japão já suspendeu compras em áreas com registro. O vírus ainda cisca solto.
Agrotóxico pirata na mira. Depois de apreenderem 150 mil litros de defensivos ilegais em Franca, a CropLife e o Gaeco resolveram armar a polícia. Treinaram 40 agentes pra identificar produto falsificado, de olho no veneno fake que ameaça a lavoura e a saúde pública.
UE engoliu seco e assinou. Sem força pra peitar Trump, a União Europeia aceitou tarifa de 15% sobre produtos exportados pros EUA. É menos pior do que os 30% ameaçados, mas o acordo escancarou: o bloco fala grosso em Bruxelas e assina fino em Washington.
SE DIVERTE AÍ
Hoje é dia de testar a cabeça com uma palavra cruzada raiz, daquelas clássicas, pra lembrar do vô e da vó. Não tem agro no jogo, mas sobra desafio pra quem gosta de ligar uma palavra na outra antes do café esfriar.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Bagaço de cana-de-açúcar (usado como biomassa)
Pergunta de hoje: Qual cultura nordestina quase sumiu do mapa, mas foi salva pela pesquisa da Embrapa e virou estrela da agricultura familiar?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
