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Bom dia!
A temperatura segue alta no front comercial. Enquanto o governo brasileiro insiste em manter o diálogo com os EUA, pecuaristas americanos querem ir além do tarifaço e banir de vez a carne brasileira. O setor de pescados também sente o baque e pede um crédito emergencial pra não naufragar. Haddad tenta conter os danos e busca alternativas sem romper relações.
Também tem:
• Safrinha turbinada puxa revisão da produção de milho
• Café da Alta Mogiana decepciona no rendimento
• Feira da Coopercitrus mira R$ 2 bi em negócios
• Frio no Sul, tempo seco no Centro-Oeste e chuva pesada no Norte
• Exportações da carne tentam abrir mercado no Japão
Vem entender o que ta rolando no agro. Rápido e fácil, do jeito que você precisa.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por BCB e YahooFinance.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Tira casaco, bota casaco

Fonte: Brasil Escola
A terça começa no estilo 8 ou 80. No Sul, geada nas serras e nevoeiro atrapalhando a logística no leste do Paraná, Santa Catarina e centro-sul gaúcho. Já em Florianópolis, o frio domina com máxima tímida de 25°C.
No Sudeste, o friozinho da manhã dá lugar a um calor seco à tarde. O interior paulista e mineiro entra em atenção com a queda da umidade, o que pode complicar o manejo.
No Centro-Oeste, o cenário é de secura total. Em Goiás, DF e partes de MS e MT, a umidade pode despencar pra 20% nas horas mais quentes, exigindo cuidado redobrado com o gado e o solo.
Enquanto isso, o litoral do Nordeste encara chuva leve entre Sergipe e Pernambuco, mas o sertão continua no seco. E no Norte, o destaque vai pro aguaceiro entre Amapá e norte do Pará, com mais de 50 mm previstos, enquanto Tocantins e sul do Pará enfrentam ar seco e sol firme.
O clima segue jogando duro, e o agro, como sempre, precisa se adaptar no braço e no manejo.
NOS CORREDORES DE BRASÍLIA
Moraes cobra explicações e ameaça prender Bolsonaro

Foto: Mateus Bonomi/AFP
Alexandre de Moraes não deixou margem pra drible. O ministro do STF deu 24 horas para os advogados de Jair Bolsonaro explicarem uma postagem com imagens do ex-presidente usando tornozeleira eletrônica. A publicação apareceu nas redes sociais mesmo com Bolsonaro proibido de usar qualquer canal digital direta ou indiretamente.
Segundo Moraes, se a postagem for considerada descumprimento das medidas cautelares, o jogo muda de figura. Ele avisou que o descumprimento pode gerar prisão imediata, sem necessidade de novo aviso ou julgamento.
A cobrança acontece no processo que investiga a suposta tentativa de golpe. E o clima esquentou depois que aliados compartilharam vídeos e memes com o ex-presidente circulando pelo Congresso usando o equipamento. Pra Moraes, pouco importa se o conteúdo veio de assessoria, apoiador ou amigo do Zap. Se burlar decisão judicial, é caneta na hora.
ASSUNTO DE GABINETE
Tarcísio cutuca tarifaço americano

Foto: Raul Luciano/Ato Press/Estadão Conteúdo
Na abertura da Coopercitrus Expo, em Bebedouro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, farpou o tarifaço de 50% imposto pelo governo dos EUA, mas desviou do nome de Trump — de quem já vestiu boné de campanha e elogiou post nas redes.
Segundo ele, taxar desse jeito “cria um mercado viciado” e trava o avanço da indústria, deixando as empresas dependentes do Estado. Também mandou um recado geopolítico: o Brasil não pode se afastar dos Estados Unidos nem se alinhar a blocos que prejudiquem a relação com seu maior parceiro comercial.
Depois do discurso, Tarcísio foi mais direto: disse ser “absolutamente contra” as tarifas e chamou o impacto de “ônus insuportável” para Estados industriais como São Paulo. Defendeu negociação, distensão e menos bravata eleitoral nas relações internacionais.
Além do aceno diplomático, o governador anunciou reforço no Fundo Garantidor estadual e assinou um acordo com a Coopercitrus pra incentivar o cultivo de café canéfora (conilon) em SP. A feira vai até sexta (25) e espera bater R$ 2 bilhões em negócios.
RADAR DO AGRO
Agro brasileiro exporta menos, mas café e boi seguram a onda

Foto: Freepik
Mesmo com superávit robusto de US$ 33,7 bilhões na balança comercial brasileira até a terceira semana de julho, o agro deu uma leve escorregada nas exportações. Dados da Secex mostram que a média diária de embarques do setor caiu 1,9% em relação ao mesmo período de 2024, pressionada pela queda nas vendas de milho (–54,6%), arroz com casca (–43,8%) e algodão em bruto (–29,6%).
Mas nem tudo é amargor na caneca. O café não torrado cresceu 35,6%, frutas e nozes saltaram 43,7% e até a soja, mesmo tímida, avançou 0,9%. A carne bovina também impressionou, com alta de 50,5% nas exportações, ajudando a compensar o recuo de outros itens.
Na outra ponta, o Brasil aumentou as importações de milho (+77,8%) e soja (+65,1%), além de fertilizantes e borracha natural. Mesmo com o agro vendendo menos, o comércio exterior segue aquecido, com corrente de US$ 337,2 bilhões no ano.
PAUTA VERDE
Lista suja da ANP é divulgada e distribuidoras tentam contornar com liminares

Foto: Freepik
A ANP liberou a lista e ela veio pesada: 33 distribuidoras de combustíveis foram oficialmente carimbadas como inadimplentes no RenovaBio, o programa que obriga o setor a compensar emissões comprando CBios. Na prática, quem tá na lista não pode mais receber produto de ninguém; e quem vender, toma multa que pode bater R$ 500 milhões.
O objetivo é apertar quem não cumpriu nem 85% da meta e já levou multa em primeira instância. Só que tem empresa apelando pro caminho conhecido: liminar debaixo do braço. Dez distribuidoras conseguiram esconder o nome da lista pública usando decisão judicial.
Agora, a Frente Parlamentar dos Biocombustíveis quer fechar a brecha com um projeto de lei: a ideia é que só consiga liminar quem depositar o valor devido em juízo. Segundo o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), o projeto é uma forma de impedir que distribuidoras ganhem tempo e operem “com vantagens desleais” enquanto quem cumpre regra segue pagando a conta.
De 2000 a 2023, as inadimplentes deixaram de comprar mais de 1,6 milhão de CBios, o que gerou multas somadas de R$ 84,8 milhões. Hoje, o CBio tá cotado em R$ 61,40, bem abaixo do pico de R$ 200 em anos anteriores, mas ainda suficiente pra gerar dor de cabeça em quem não se planejou.
Enquanto isso, quem cumpre a regra e compra o crédito ambiental fica vendo concorrente driblar a lista suja como se tivesse jogando bola contra criança.
DICA AGRO ESPRESSO
Pra fortalecer as mulheres do agro

Foto: Freepik
A Rede AgroMulher, que já conecta milhares de mulheres no campo, lançou uma plataforma com tudo que você precisa saber sobre o protagonismo feminino no agro. Lá tem agenda de eventos, mentorias, conteúdo de liderança e uma vitrine de negócios liderados por mulheres, um verdadeiro GPS da força feminina no setor.
É um radar de oportunidades e trocas, perfeito pra ampliar sua rede, aprender algo novo e se inspirar no universo agro com presença feminina de peso.
COMO TÁ LÁ FORA
Suco azedo no copo de Trump

Foto: CNA/Flickr
O tarifaço de 50% que os Estados Unidos querem empurrar no agro brasileiro já tá rendendo processo no próprio quintal. A Johanna Foods, gigante do suco de laranja nos EUA, entrou na Justiça contra o governo Trump e disse que a medida é uma ameaça existencial pro negócio.
A empresa calcula que vai gastar 68 milhões de dólares a mais só nos próximos 12 meses. Isso sem contar o aumento nos preços pra quem compra lá fora, que pode subir entre 20% e 25% nas prateleiras do mercado. A bronca foi protocolada no Tribunal de Comércio Internacional dos EUA e foca na carta que Trump mandou pra Lula anunciando a tarifa.
Segundo a Johanna, a tal carta não é ordem executiva, não declara emergência nacional e não atende nenhum dos pré-requisitos pra esse tipo de taxação. Mais do que isso, os advogados dizem que Trump usou justificativas políticas disfarçadas de argumento legal. Tudo baseado no “tratamento dado ao Bolsonaro” e na “ameaça à democracia”. Pois é.
O Brasil é o maior fornecedor de suco de laranja pros Estados Unidos e, se a tarifa passar, o impacto vai bater forte tanto aqui quanto lá. A disputa judicial só começou, mas uma coisa já ficou clara: tem americano que não tá nada feliz com o gosto amargo dessa história.
SAFRA DE CIFRAS
Alta Mogiana colhe mais, mas rende menos

Foto: CNA/Flickr
A colheita de café na Alta Mogiana já chegou à metade, mas a conta não tá fechando pra muita gente. Apesar do bom avanço nas lavouras, o rendimento por saca tem decepcionado. O motivo? Grão menos graúdo e mais volume necessário pra encher cada saco beneficiado, o que pesa direto no bolso do produtor.
Os produtores apontaram o vilão: uma estiagem de quase 30 dias entre fevereiro e março. Sem água na hora da granação, o fruto não encheu como devia. Agora, o reflexo aparece na colheita e nos custos que insistem em subir.
As chuvas que vieram em maio e junho ajudaram na recuperação das plantas, mas também atrasaram os trabalhos de campo. Ainda assim, o cenário pra 2026 é animador.
A região da Alta Mogiana, que inclui cidades como Franca, Pedregulho, Ibiraci e Cristais Paulista, é referência nacional em qualidade de café. Agora, os produtores torcem por tempo firme pra concluir a colheita e por preços que ajudem a equilibrar a balança depois de uma temporada apertada.
NAS CABEÇAS DO AGRO
Pecuaristas gringos batem palma pro tarifaço

Foto: CNA/Flickr
Enquanto o Brasil faz malabarismo diplomático pra aliviar os 50% de tarifa, do outro lado da cerca tem gente torcendo pra taxação ficar. A Associação Nacional de Pecuaristas dos EUA (NCBA) não só aplaudiu a medida de Trump como já pediu o próximo passo: suspender de vez a entrada da carne bovina brasileira no país.
A entidade, que representa o gado americano desde o século 19, diz que “uma tarifa de 50% é um bom começo” e cobra uma auditoria completa na produção brasileira. Alega que o Brasil é leniente com doenças como a vaca louca e a febre aftosa, e que isso colocaria a segurança alimentar dos EUA em risco.
O Ministério da Agricultura rebateu: nunca tivemos caso clássico de vaca louca por ração contaminada. Os seis registros no Brasil foram todos atípicos, ou seja, surgiram de forma espontânea em bois mais velhos e não afetam o status sanitário do país, que segue reconhecido pela OMSA como de risco insignificante desde 2012. Além disso, o país é reconhecido internacionalmente como livre de febre aftosa.
No fundo, o embate é menos sobre sanidade e mais sobre mercado. A carne brasileira vem ganhando terreno lá fora por preço e qualidade, e a turma do T-Bone local não quer mais perder espaço no churrasco americano.
PLANTÃO RURAL
Safrinha dá show no rendimento. A AgRural subiu a projeção da safra de milho para 136,3 milhões de toneladas. O pulo veio com o rendimento absurdo da safrinha em Mato Grosso, Paraná, Goiás e MS. Só a segunda safra deve somar quase 109 milhões.
Peixe fora d’água. A indústria de pescado está no sufoco com o tarifaço. A Abipesca pediu R$ 900 milhões em crédito emergencial para segurar o tranco. Cerca de R$ 300 milhões em produtos estão parados, e 35 fábricas podem parar. A conta pode atingir 20 mil empregos, principalmente de pescadores artesanais.
Coopercitrus mira R$ 2 bi na Expo 2025. A Coopercitrus Expo começou em Bebedouro mirando alto e projetando um crescimento de 11% em comparação ao ano passado. O CEO disse que o atraso na compra de insumos em São Paulo deve movimentar os negócios.
Brasil insiste no diálogo. O Brasil não vai levantar da mesa de negociação com os EUA, disse Haddad. O governo trabalha em planos de contingência e pode acionar a lei da reciprocidade. Segundo o ministro, a tarifa foi mais um capítulo da novela Trump e Bolsonaro, que virou questão pessoal no meio do jogo comercial.
Mercado do boi na procura de outro pasto. Com os EUA praticamente fora do mapa, a carne brasileira procura novo rumo. Goiás mira o Japão, e o MS tenta abrir outros mercados. A indústria reduziu o ritmo de abate pra segurar os preços internos. A meta é segurar o equilíbrio e evitar tombo no setor.
SE DIVERTE AÍ
Hoje a pedida é o Tradle, um joguinho diário pra quem curte comércio internacional e um pouco de geopolítica na diversão. A lógica é parecida com o Wordle, mas aqui o desafio é adivinhar qual país está por trás de uma cesta de exportações. Em tempos de tarifaço, é bom ficar afiado no vai e vem do mercado internacional.
Você recebe os principais produtos que um país exporta (em percentual) e tenta descobrir qual é ele. Se errar o jogo te dá dicas com base na distância geográfica.
É gratuito, rápido e surpreendentemente viciante, e ainda dá pra aprender um pouco mais sobre as economias do mundo (inclusive a do Brasil).
👉 Joga aqui: oec.world/en/tradle
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Macadâmia
Pergunta de hoje: Qual grão o Brasil quase não consome, mas é líder nas exportações globais?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
