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Bom dia!
O STF condenou Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão por tentativa de golpe, numa decisão que mexe com Brasília e repercute lá fora. Enquanto isso, o agro comemora: Conab e IBGE cravaram safra recorde de grãos, com soja e milho puxando o bonde. Teve ainda Trump aliviando a celulose, Grupo Safras atolado em dívidas, BNDES armando fundo garantidor e cannabis industrial ensaiando sua estreia como a “nova soja”.
Também tem:
• Missão chinesa pode reabrir mercado do frango
• JBS minimiza fusão de BRF e Marfrig
• Fertilizantes projetam entrega recorde em 2025
• Ibovespa bate recorde de 144 mil pontos e dólar cai a R$ 5,39
Tudo que tá rolando, de um jeito que você entende.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
O Ibovespa cravou mais um recorde e fechou em 143,1 mil pontos, depois de bater 144 mil no pico do dia. Bancos puxaram a fila com dados dos EUA reforçando a expectativa de corte de juros pelo Fed. Já o dólar escorregou pra R$ 5,39, menor valor em quase um mês.
NOS CORREDORES DE BRASÍLIA
STF condena Bolsonaro, Trump reage e Eduardo pede intervenção militar

Foto: Antonio Augusto/STF
O Supremo bateu o martelo: Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe. O placar ficou em 4 a 1, com Cármen Lúcia dando o voto que firmou a maioria e Luiz Fux sendo o único a acreditar na absolvição do ex-presidente.
A lista de réus não para em Bolsonaro. Braga Netto, Augusto Heleno, Anderson Torres, Alexandre Ramagem, Mauro Cid e Paulo Sérgio Nogueira também foram condenados, todos apontados pela PGR como parte de uma engrenagem que tentou barrar a posse de Lula em 2023.
Enquanto as togas falavam em Brasília, os ecos já chegavam em Washington. Trump classificou a condenação como “muito ruim para o Brasil” e o secretário de Estado Marco Rubio prometeu reação, com possibilidade de ser militar.
Do lado de cá, Eduardo Bolsonaro deu um salto ainda maior: falou até em caças F-35 e navios de guerra americanos aportando por aqui caso o país “siga rumo à Venezuela e continue ameaçando a liberdade”. O deputado também disse que espera mais sanções a todos os ministros que votaram a favor da condenação de seu pai, seguindo o exemplo do que foi feito com Alexandre de Moraes.
A declaração incendiou o clima. Lula pediu que o deputado seja expulso da Câmara e processado por traição à Pátria, comparando sua postura à de Joaquim Silvério dos Reis, o X9 de Tiradentes. “Esse rapaz tá traindo 215 milhões de brasileiros”, disse o presidente, elevando ainda mais a temperatura política.
Bolsonaro e Braga Netto seguem presos preventivamente, mas a decisão do STF abre uma temporada de incertezas. Ainda cabem recursos, só que a cena de ontem já redesenhou o tabuleiro político e aumentou a pressão nas relações com os Estados Unidos. Ultimamente, Brasília táp pior que House of Cards.
ASSUNTO DE GABINETE
Celulose liberada, café e carne na fila

Foto: Globo Rural
Donald Trump afrouxou sob a pressão de indústrias americanas e resolveu aliviar a barra da celulose brasileira, retirando a tarifa de 10% em cima desse produto. O movimento trouxe alívio tanto pros exportadores daqui quanto pros produtores gringos de papel higiênico e lenços, que já estavam sentindo no bolso.
Com a porta já aberta, o ministro Paulo Teixeira aposta que café e carne podem ser os próximos da lista. O argumento é simples: os preços dispararam nos EUA e o tarifaço virou um tiro no pé. Pro café, a pressão é ainda maior, já que os americanos não produzem um grão sequer.
Enquanto isso, o setor brasileiro segue se defendendo em Washington de acusações pesadas, incluindo trabalho infantil. O processo pode demorar até um ano, mas especialistas avaliam que o jogo tende a favorecer o Brasil. Afinal, a demanda é alta, e resistir ao café brasileiro pode ser bem mais difícil do que segurar um embargo no papel.
RADAR DO AGRO
IBGE e Conab prevêm maior safra da história no Brasil

Foto: Wenderson Araújo/CNA
O agro brasileiro tá colhendo história. A Conab cravou: 350,2 milhões de toneladas na safra 2024/25, alta de 16,3% e o maior volume já registrado no país. O IBGE também fez as contas e chegou a 341,2 milhões. Independente da calculadora, a colheita nunca foi tão grande, é recorde nos dois casos.
Quem puxa a fila é a soja, que vai render 171,5 milhões de toneladas, seguida do milho com 139,7 milhões, embalado pela safrinha recorde de 112 milhões. Algodão também se agigantou, passando dos 4 milhões de toneladas, e até o arroz cresceu mais de 20%, fechando em 12,8 milhões.
Mas nem tudo são flores: o feijão encolheu quase 4% e o trigo amarga queda de 4,5% na produção. Já o café divide o campo: o arábica sofre com a bienalidade negativa e cai 7%, mas o conilon responde na marra e bate recorde de 19,8 milhões de sacas.
NAS CABEÇAS DO AGRO
Vale tudo na novela do Grupo Safras

Foto: Divulgação
O Grupo Safras, que já chegou a faturar quase R$ 7 bilhões no auge, hoje tá devendo R$ 2,2 bi. A novela que tá rolando em volta do grupo ganhou mais um capítulo, agora na ala judicial. A Justiça de Mato Grosso afastou todos os sócios e administradores do comando, num cenário que mistura fraudes, brigas familiares e até divórcio suspeito usado como escudo pra blindar patrimônio. Praticamente um roteiro do Walcyr Carrasco.
De um lado, os fundadores Dilceu Rossato e Pedro de Moraes Filho. Do outro, fundos como Agri Brazil, Bravano, Axioma e Alcateia, que dizem estar trazendo transparência e prometem retomar o grupo. No meio do fogo cruzado, credores como Bravano FIDC e Flow Gestora tentam pegar de volta alguns milhões e jogam no ventilador evidências de manobras suspeitas.
Entre acusações de contratos esquisitos, patrimônio escondido e uma troca de controle vista como “hostil”, o Safras segue atolado. Agora, a Justiça vai decidir se o grupo volta a rodar ou se fica preso na lama.
SAFRA DE CIFRAS
BNDES promete segurar a bronca pra aliviar o bolso do produtor

Foto: AgFeed
O BNDES resolveu tirar a mão do bolso e botar no ombro do produtor. O Banco veio com a ideia de criar um fundo garantidor que funcione como fiador oficial, para que pequenos e médios consigam crédito sem pagar juros absurdos, que levam qualquer um à falência. A novidade ainda tá no rascunho, mas já foi divulgada pelo diretor Alexandre Abreu no Agro Summit em São Paulo.
Hoje a conta não fecha: enquanto o grandão paga 16% a 20% ao ano, o pequeno chega a engolir 40% porque não tem garantia pra oferecer. O fundo entra justamente pra dar esse aval e nivelar o jogo. A proposta também se soma à linha emergencial de R$ 12 bilhões anunciada pra produtores que sofreram com secas e enchentes, especialmente no Rio Grande do Sul, onde a conta das dívidas já passa dos R$ 72 bilhões.
Os pacotes preveem crédito de até R$ 250 mil a 6% no Pronaf, R$ 1,5 milhão a 8% no Pronamp e R$ 3 milhões a 10% pros demais, sempre com um ano de carência e até nove anos pra pagar. No Congresso, tem até projeto que quer perdoar dívidas mais gordas, com prazo de 20 anos e juros que parecem piada. Se vai vingar ou não, ninguém sabe. Mas uma coisa é certa: o produtor não aguenta mais pagar pedágio pros bancos.
PAUTA VERDE
A nova soja é verde e faz fumaça

GIF: Giphy
O cânhamo, versão industrial da cannabis, tá ensaiando a entrada na lavoura de gente grande no Brasil. A Embrapa e o Instituto Ficus já soltaram um plano que prevê pilotos em 2026 e cultivo em escala em 2027. Se der certo, em 2030 o país pode faturar quase R$ 6 bilhões e se firmar como exportador de peso da planta preferida do Snoop Dogg.
O relatório fala em 64 mil hectares plantados até o fim da década e uma indústria que aproveita tudo da planta. As sementes, com proteína pra dar e vender, renderiam R$ 2,3 bilhões em pães, barrinhas e até tofu, prato cheio pros marombeiros. Já os caules virariam fibra pra roupa, papel e tijolo, somando outros R$ 3,2 bilhões. Também daria pra aproveitar as flores, mas esse debate é outro e envolve fazer muita fumaça.
O que ainda trava tudo é a regulação. A Anvisa mantém uma portaria de 1998 que barra qualquer cultivo no país. A pressão é pra liberar o cânhamo industrial, além do medicinal. Como disse a pesquisadora Daniela Bittencourt, da Embrapa, se a soja foi a revolução de 50 anos atrás, o cânhamo pode ser o próximo capítulo. Mas só se o governo abrir a porteira.
PLANTÃO RURAL
Concorrência em paz. Pra JBS, a fusão entre BRF e Marfrig não muda nada. O CEO Gilberto Tomazoni disse que os concorrentes “só se juntaram” e desejou vida longa à MBRF.
Crédito turbinado em SP. O governo paulista anunciou um reforço de R$ 36 milhões no Fundo de Expansão do Agronegócio. A maior parte vai pro programa Desenvolvimento Rural Sustentável Paulista, que apoia energia renovável e agroindústrias.
Seguro rural em reforma. Carlos Fávaro confirmou que o novo modelo de seguro rural tá andando, mas ainda sem prazo pra nascer. A FGV deve entregar estudo mostrando que é mais barato prevenir do que renegociar dívidas causadas pelo clima.
Soja do MT na espera da chuva. Mato Grosso tá fervendo com o solo mais seco dos últimos 30 anos, mas os modelos climáticos prometem chuva já na segunda quinzena de setembro. Se vier mesmo, a semeadura da soja pode começar mais cedo que em 2024.
Fertilizante na vitrine. O Mapa e a Anda fecharam um acordo pra impulsionar inovação, bioinsumos e estatísticas no setor de fertilizantes. A meta é entregar até 49 milhões de toneladas em 2025, um recorde pra esse mercado.
Olho na China. Uma missão chinesa deve visitar o Rio Grande do Sul em setembro pra avaliar a biossegurança e, quem sabe, liberar de novo o frango brasileiro. Gilberto Tomazoni, da JBS, disse que negociações políticas e técnicas são cruciais pra evitar embargos nacionais por casos isolados.
SE DIVERTE AÍ
Já pensou se perder por aí e ter que adivinhar onde tá só olhando a paisagem? Esse é o desafio do GeoGuessr, jogo em que você cai aleatoriamente em algum ponto do mundo pelo Google Street View e precisa chutar o país ou a cidade. Pode ser no meio de uma plantação no interior do Brasil ou numa estrada perdida da Mongólia.
Bora testar sua noção de geografia?
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Mandioca
Pergunta de hoje: Qual grão do Oriente Médio deu origem ao primeiro pão fermentado da história, há mais de 6 mil anos?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
