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Bom dia!

O STF condenou Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão por tentativa de golpe, numa decisão que mexe com Brasília e repercute lá fora. Enquanto isso, o agro comemora: Conab e IBGE cravaram safra recorde de grãos, com soja e milho puxando o bonde. Teve ainda Trump aliviando a celulose, Grupo Safras atolado em dívidas, BNDES armando fundo garantidor e cannabis industrial ensaiando sua estreia como a “nova soja”.

Também tem:

• Missão chinesa pode reabrir mercado do frango
• JBS minimiza fusão de BRF e Marfrig
• Fertilizantes projetam entrega recorde em 2025
• Ibovespa bate recorde de 144 mil pontos e dólar cai a R$ 5,39

Tudo que tá rolando, de um jeito que você entende.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

MERCADO
IBOVESPA (B3) 143.150,84 20,77%
RAIZ4 R$1,27 -40,38%
ABEV3 R$12,52 12,55%
BEEF3 R$6,48 36,13%
MRFG3 R$25,05 48,66%
Bitcoin US$114.544,22 16,75%
Ethereum US$4.429,01 22,86%

Os dados são publicados por BCB e Brapi.
As variações são calculadas em YTD (Year to date)

  • O Ibovespa cravou mais um recorde e fechou em 143,1 mil pontos, depois de bater 144 mil no pico do dia. Bancos puxaram a fila com dados dos EUA reforçando a expectativa de corte de juros pelo Fed. Já o dólar escorregou pra R$ 5,39, menor valor em quase um mês.

NOS CORREDORES DE BRASÍLIA

STF condena Bolsonaro, Trump reage e Eduardo pede intervenção militar

Foto: Antonio Augusto/STF

O Supremo bateu o martelo: Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe. O placar ficou em 4 a 1, com Cármen Lúcia dando o voto que firmou a maioria e Luiz Fux sendo o único a acreditar na absolvição do ex-presidente.

A lista de réus não para em Bolsonaro. Braga Netto, Augusto Heleno, Anderson Torres, Alexandre Ramagem, Mauro Cid e Paulo Sérgio Nogueira também foram condenados, todos apontados pela PGR como parte de uma engrenagem que tentou barrar a posse de Lula em 2023.

Enquanto as togas falavam em Brasília, os ecos já chegavam em Washington. Trump classificou a condenação como “muito ruim para o Brasil” e o secretário de Estado Marco Rubio prometeu reação, com possibilidade de ser militar.

Do lado de cá, Eduardo Bolsonaro deu um salto ainda maior: falou até em caças F-35 e navios de guerra americanos aportando por aqui caso o país “siga rumo à Venezuela e continue ameaçando a liberdade”. O deputado também disse que espera mais sanções a todos os ministros que votaram a favor da condenação de seu pai, seguindo o exemplo do que foi feito com Alexandre de Moraes.

A declaração incendiou o clima. Lula pediu que o deputado seja expulso da Câmara e processado por traição à Pátria, comparando sua postura à de Joaquim Silvério dos Reis, o X9 de Tiradentes. “Esse rapaz tá traindo 215 milhões de brasileiros”, disse o presidente, elevando ainda mais a temperatura política.

Bolsonaro e Braga Netto seguem presos preventivamente, mas a decisão do STF abre uma temporada de incertezas. Ainda cabem recursos, só que a cena de ontem já redesenhou o tabuleiro político e aumentou a pressão nas relações com os Estados Unidos. Ultimamente, Brasília táp pior que House of Cards.

ASSUNTO DE GABINETE

Celulose liberada, café e carne na fila

Foto: Globo Rural

Donald Trump afrouxou sob a pressão de indústrias americanas e resolveu aliviar a barra da celulose brasileira, retirando a tarifa de 10% em cima desse produto. O movimento trouxe alívio tanto pros exportadores daqui quanto pros produtores gringos de papel higiênico e lenços, que já estavam sentindo no bolso.

Com a porta já aberta, o ministro Paulo Teixeira aposta que café e carne podem ser os próximos da lista. O argumento é simples: os preços dispararam nos EUA e o tarifaço virou um tiro no pé. Pro café, a pressão é ainda maior, já que os americanos não produzem um grão sequer.

Enquanto isso, o setor brasileiro segue se defendendo em Washington de acusações pesadas, incluindo trabalho infantil. O processo pode demorar até um ano, mas especialistas avaliam que o jogo tende a favorecer o Brasil. Afinal, a demanda é alta, e resistir ao café brasileiro pode ser bem mais difícil do que segurar um embargo no papel.

RADAR DO AGRO

IBGE e Conab prevêm maior safra da história no Brasil

Foto: Wenderson Araújo/CNA

O agro brasileiro tá colhendo história. A Conab cravou: 350,2 milhões de toneladas na safra 2024/25, alta de 16,3% e o maior volume já registrado no país. O IBGE também fez as contas e chegou a 341,2 milhões. Independente da calculadora, a colheita nunca foi tão grande, é recorde nos dois casos.

Quem puxa a fila é a soja, que vai render 171,5 milhões de toneladas, seguida do milho com 139,7 milhões, embalado pela safrinha recorde de 112 milhões. Algodão também se agigantou, passando dos 4 milhões de toneladas, e até o arroz cresceu mais de 20%, fechando em 12,8 milhões.

Mas nem tudo são flores: o feijão encolheu quase 4% e o trigo amarga queda de 4,5% na produção. Já o café divide o campo: o arábica sofre com a bienalidade negativa e cai 7%, mas o conilon responde na marra e bate recorde de 19,8 milhões de sacas.

NAS CABEÇAS DO AGRO

Vale tudo na novela do Grupo Safras

Foto: Divulgação

O Grupo Safras, que já chegou a faturar quase R$ 7 bilhões no auge, hoje tá devendo R$ 2,2 bi. A novela que tá rolando em volta do grupo ganhou mais um capítulo, agora na ala judicial. A Justiça de Mato Grosso afastou todos os sócios e administradores do comando, num cenário que mistura fraudes, brigas familiares e até divórcio suspeito usado como escudo pra blindar patrimônio. Praticamente um roteiro do Walcyr Carrasco.

De um lado, os fundadores Dilceu Rossato e Pedro de Moraes Filho. Do outro, fundos como Agri Brazil, Bravano, Axioma e Alcateia, que dizem estar trazendo transparência e prometem retomar o grupo. No meio do fogo cruzado, credores como Bravano FIDC e Flow Gestora tentam pegar de volta alguns milhões e jogam no ventilador evidências de manobras suspeitas.

Entre acusações de contratos esquisitos, patrimônio escondido e uma troca de controle vista como “hostil”, o Safras segue atolado. Agora, a Justiça vai decidir se o grupo volta a rodar ou se fica preso na lama.

SAFRA DE CIFRAS

BNDES promete segurar a bronca pra aliviar o bolso do produtor

Foto: AgFeed

O BNDES resolveu tirar a mão do bolso e botar no ombro do produtor. O Banco veio com a ideia de criar um fundo garantidor que funcione como fiador oficial, para que pequenos e médios consigam crédito sem pagar juros absurdos, que levam qualquer um à falência. A novidade ainda tá no rascunho, mas já foi divulgada pelo diretor Alexandre Abreu no Agro Summit em São Paulo.

Hoje a conta não fecha: enquanto o grandão paga 16% a 20% ao ano, o pequeno chega a engolir 40% porque não tem garantia pra oferecer. O fundo entra justamente pra dar esse aval e nivelar o jogo. A proposta também se soma à linha emergencial de R$ 12 bilhões anunciada pra produtores que sofreram com secas e enchentes, especialmente no Rio Grande do Sul, onde a conta das dívidas já passa dos R$ 72 bilhões.

Os pacotes preveem crédito de até R$ 250 mil a 6% no Pronaf, R$ 1,5 milhão a 8% no Pronamp e R$ 3 milhões a 10% pros demais, sempre com um ano de carência e até nove anos pra pagar. No Congresso, tem até projeto que quer perdoar dívidas mais gordas, com prazo de 20 anos e juros que parecem piada. Se vai vingar ou não, ninguém sabe. Mas uma coisa é certa: o produtor não aguenta mais pagar pedágio pros bancos.

PAUTA VERDE

A nova soja é verde e faz fumaça

GIF: Giphy

O cânhamo, versão industrial da cannabis, tá ensaiando a entrada na lavoura de gente grande no Brasil. A Embrapa e o Instituto Ficus já soltaram um plano que prevê pilotos em 2026 e cultivo em escala em 2027. Se der certo, em 2030 o país pode faturar quase R$ 6 bilhões e se firmar como exportador de peso da planta preferida do Snoop Dogg.

O relatório fala em 64 mil hectares plantados até o fim da década e uma indústria que aproveita tudo da planta. As sementes, com proteína pra dar e vender, renderiam R$ 2,3 bilhões em pães, barrinhas e até tofu, prato cheio pros marombeiros. Já os caules virariam fibra pra roupa, papel e tijolo, somando outros R$ 3,2 bilhões. Também daria pra aproveitar as flores, mas esse debate é outro e envolve fazer muita fumaça.

O que ainda trava tudo é a regulação. A Anvisa mantém uma portaria de 1998 que barra qualquer cultivo no país. A pressão é pra liberar o cânhamo industrial, além do medicinal. Como disse a pesquisadora Daniela Bittencourt, da Embrapa, se a soja foi a revolução de 50 anos atrás, o cânhamo pode ser o próximo capítulo. Mas só se o governo abrir a porteira.

PLANTÃO RURAL

SE DIVERTE AÍ

Já pensou se perder por aí e ter que adivinhar onde tá só olhando a paisagem? Esse é o desafio do GeoGuessr, jogo em que você cai aleatoriamente em algum ponto do mundo pelo Google Street View e precisa chutar o país ou a cidade. Pode ser no meio de uma plantação no interior do Brasil ou numa estrada perdida da Mongólia.

Bora testar sua noção de geografia?

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Mandioca

Pergunta de hoje: Qual grão do Oriente Médio deu origem ao primeiro pão fermentado da história, há mais de 6 mil anos?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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