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Bom dia!
A pecuária brasileira ganhou um programa que promete pagar até R$ 14 por boi. O Pará virou vitrine de inovação verde com bioinoculantes. No Sudeste, o café abriu em flor, mas o clima não tá colaborando, e o Sul voltou pro modo casaco com chuva e ventania.
Pra você acordar bem informado.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
PAUTA VERDE
A nova onda das agroflorestas com plantas amazônicas

Foto: Divulgação
O Pará tá virando uma baita vitrine de inovação, e com o bônus de ser sustentável. O projeto Dêfarm começou a testar várias combinações de bioinoculantes, aqueles microrganismos que dão um empurrãozinho pro crescimento das plantas, em mudas de açaí, cacau e dendê, mas, por enquanto, só nas que são cultivadas em sistemas agroflorestais em Tomé-Açu. A ideia é deixar o solo mais saudável e provar que dá pra regenerar e produzir ao mesmo tempo.
A pesquisa é tocada pelo Instituto Senai de Inovação em Biomassa com apoio da Natura e da Solubio, e aposta na produção on farm feita direto na biofábrica do Senai em Três Lagoas. Foram R$ 1,4 milhão investidos e nove pesquisadores quebrando a cabeça pra entender como os consórcios microbianos podem acelerar o desenvolvimento das mudas amazônicas e reduzir a dependência de insumos químicos.
As pesquisas resultaram em um modelo que pode servir de exemplo pra quem busca lucro e sustentabilidade na mesma lavoura. O projeto promete mais biodiversidade, solo fértil e renda local. Tudo com aquele selo verde de regeneração e tecnologia 100% brasileira, mostrando que o futuro do agro também brota do micro.
COLHENDO CAPITAL
Boi com cashback via sustentabilidade

Foto: Gilson Abreu/AEN
Tem uma tecnologia nova chegando aí que pode revolucionar a pecuária brasileira. A agtech Produzindo Certo lançou o Bov.IS, um consórcio que promete dar um up na carne e no couro brasileiros, juntando tecnologia, rastreabilidade e boas práticas. O programa começa no Mato Grosso e no Pará e pode render até R$ 14 por animal pro produtor que fizer tudo dentro das regras, uma espécie de cashback do boi.
A ideia é simples, mas poderosa: conectar frigoríficos, curtumes e pecuaristas num mesmo sistema, monitorando tudo do pasto ao abate, sem desmatamento, com pegada de carbono menor e gado mais produtivo. O sistema vai ser dividido em módulos, e cada módulo vai reunir 15 fazendas e 50 mil animais. A meta é ficar de olho em 125 mil hectares de pastagem, recuperando pelo menos 5 mil deles. Tudo isso sem o produtor gastar um centavo a mais, já que o financiamento vem do próprio consórcio.
No papel, o Bov.IS quer entregar uma pecuária mais eficiente e que faça bonito até pras leis ambientais da União Europeia, que são as que mais atrasam o lado do produtor. Em três anos, o plano é aumentar em 25% a lotação das fazendas e cortar pela metade as emissões por arroba produzida. Pro produtor, é chance de vender com bônus e consciência tranquila. Pro consumidor mais preocupado com o meio ambiente, é carne e couro com rastreabilidade de ponta e menos culpa no churrasco ou na bolsa nova.
O AGRO EM NÚMEROS
O pasto vai virar sauna e o boi vai sofrer

Reprodução/Corpo de Bombeiros de Minas Gerais
O calor vai apertar nos próximos anos, e não é só a gente que vai sofrer. Um estudo da Esalq-USP mostra que, até 2050, a taxa respiratória dos ruminantes pode subir até 68% com o aumento projetado de 2 °C nas temperaturas. O alerta serve pra todo mundo: aves e vacas leiteiras vão sentir primeiro, e quem não investir em genética resistente, manejo e bem-estar pode ficar sem fôlego no campo.
No mundo da soja, o plantio segue voando. A Pátria AgroNegócios calcula 9,15% da área já semeada, quase quatro vezes o ritmo do ano passado. O Paraná saiu na frente e puxou a média nacional, com uma ajudinha do norte do Mato Grosso. Se o clima colaborar, vem recorde aí.
Na indústria de insumos, a Fortgreen tá querendo investir R$ 200 milhões até 2030 pra bater R$ 1 bilhão em receita já em 2026. A estratégia é simples: abrir mais centros de distribuição pra encurtar o caminho até o produtor. O grupo irlandês Origin Enterprises vê no Brasil entre 15% e 18% da sua lucratividade global, por isso apostam na gente mesmo com estrada ruim e crédito curto.
Nas commodities, o cacau desabou pra mínima de um ano, com a nova safra da África Ocidental jogando o preço em Londres pra £4.356 a tonelada. Já o café subiu bonito: arábica +3,2% e robusta +4,6%.
DICA AGRO ESPRESSO
Chave inglesa não basta mais

Foto: Massey Ferguson/Divulgação
O mecânico agrícola de hoje precisa saber mais do que trocar filtro e apertar parafuso, agora tem que entender de sensores, chips e até fazer diagnóstico remoto, tá quase virando um trampo de programador. As máquinas ficaram inteligentes, e quem cuida delas também precisa entrar no modo digital. O resultado é um novo perfil de profissional no campo: metade engenheiro, metade faz-tudo.
A Massey Ferguson decidiu transformar essa transição em entretenimento com o Master Mechanic, um reality show no YouTube que estreia em 16 de outubro. O programa é uma competição que junta veteranos de graxa na mão e jovens que já nasceram plugados, todos tentando domar um pulverizador de alta tecnologia.
A ideia é mostrar que tradição e inovação podem trabalhar no mesmo trator, um com a chave inglesa, o outro com o tablet. Com duas safras por ano (as vezes três) e máquinas cada vez mais complexas, o Brasil virou um laboratório a céu aberto pra essa nova geração de mecânicos.
NAS CABEÇAS DO AGRO
A flor tá bonita, mas precisa molhar

GIF: Giphy
As lavouras de café de Minas abriram em flor pra safra 2026, mas o espetáculo branco pode virar drama se a chuva não aparecer logo. No Cerrado Mineiro, o calor tá passando dos 30 °C e o solo já pede socorro. A florada foi intensa e vistosa, daquelas que fazem o produtor sorrir, mas sem água, o “pegamento” dos chumbinhos fica ameaçado.
De Patrocínio a Serra do Salitre, o clima anda meio bipolar: muita flor e pouca chuva. Fernando Couto, consultor da Expocacer, resume o sentimento do campo dizendo que tá bonito de ver, mas difícil de segurar. E o problema é que, enquanto o Sul de Minas deve receber uns 70 mm nos próximos dias, o Cerrado mal chega a 20 mm. É pouca água pra esse tanto de café.
Por enquanto, cooperativas como Cooxupé, Minasul e Cocapec mantêm o otimismo moderado, dizem que o pegamento tá indo bem onde choveu. Mas todo mundo concorda que pra garantir uma boa safra, o que falta mesmo é aquele cheirinho de chuva pra combinar com o café.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Frente fria chega no Sul com chuva, vento e drama meteorológico

GIF: Karate Kid/Giphy
O Sul vai trocar o sol por casaco mais uma vez, o pessoal por lá já praticou mais que o Karate Kid do Jaden Smith. Uma frente fria entrou pelo Rio Grande do Sul no domingo (5) e chegou prometendo espalhar chuva forte e frio nos próximos dias, segundo o Inmet. A previsão é de ventos que podem chegar a 100 km/h, pancadas de até 100 mm por dia e até granizo, ou seja, um combo completo de caos climático.
O instituto emitiu alertas de perigo pra quase todo o Estado gaúcho e parte de Santa Catarina, incluindo as serras. O risco vai de alagamentos e queda de energia até estragos em plantações. Pra completar o cenário de filme de desastre, o sistema vem acompanhado de um ciclone extratropical formado no oceano, daquele tipo que não encosta em terra, mas ajuda a bagunçar tudo por aqui.
Enquanto isso, o centro do país continua no forno. Mato Grosso, Goiás, Minas, São Paulo e companhia seguem com umidade de deserto, entre 12% e 20%, e risco alto de queimadas.
ACONTECEU NO AGRO
Confira o resumão de tudo que rolou no agro na semana passada, pela CNA
A semana passada foi corrida demais pro pessoal da CNA. Sorte a nossa que, toda semana, eles soltam um vídeo de resumo pra gente ficar de olho. Confere aí no vídeo tudo que eles fizeram:
PLANTÃO RURAL
Do café não se desperdiça nada. Pesquisadores da USP acharam um novo destino pras folhas de café: criar nanopartículas que combatem bactérias, limpam poluentes e ainda podem ser usadas em eletrônicos biodegradáveis.
Assopra aí. Uma empresa australiana criou um bafômetro que detecta se a vaca tá prenha pela respiração. O resultado sai em segundos, sem precisar de exame de sangue nem palpação. A ideia é reduzir o estresse do animal e facilitar a vida do produtor. O aparelho deve custar cerca de R$ 56 mil e chega ao mercado em 2026.
Bonito, mas problemático. O paraíso das águas cristalinas enfrenta uma invasão de javalis. Os bichos destroem lavouras, turvam nascentes e atacam fauna nativa. Só em Bonito (MS), 14% das lavouras de milho foram perdidas. Autoridades tentam frear o avanço, mas os bandos seguem causando um baita estrago.
Alface sob ameaça. Um estudo da Embrapa projeta que o calor extremo pode acabar com o cultivo da alface no Brasil até o fim do século. O risco climático é alto ou muito alto em quase todo o país. A saída tá em estufas, variedades mais resistentes e novas tecnologias.
Lavoura voando alto. Os drones estão se firmando cada vez mais como braço direito do produtor. Hoje, mapeiam lavouras, fazem pulverização precisa e ajudam a monitorar pragas. É uma tecnologia de guerra sendo aplicada pro bem.
ANP aponta falhas na Usina Lins. A ANP concluiu que quatro erros de gestão causaram a morte de um funcionário da Usina Lins durante uma operação de soldagem em 2020. A agência fez 11 recomendações ao setor e avalia punições. A usina diz não ter sido notificada e reforça que já revisou protocolos de segurança.
Frango com passaporte carimbado. A MBRF reforçou ainda mais seus laços com a Arábia Saudita. Vai patrocinar o maior festival cultural do país, além de erguer uma fábrica de US$ 160 milhões em Jeddah.
SE DIVERTE AÍ
Nem só de lavoura vive a cabeça, né? O Termo de hoje tá daquele jeito que dá vontade de jogar até acertar. Bora ver se o cérebro tá tão afiado quanto o facão de colheita? Clica aqui e tenta a sorte
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Camu-camu
Pergunta de hoje: Qual especiaria caribenha era tão valorizada pelos colonizadores que servia como moeda de troca no século XVII?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
