APRESENTADO POR

Bom dia!

Pra começar essa semana, a edição de hoje vem com trilho cruzando o continente, banco privado botando grana no campo, ave silvestre gripada no Ibirapuera e até bioinsumo premiado no BRICS. Hoje tem:

• Brasil e China firmam acordo para ferrovia até o Pacífico
• Bradesco mira R$ 50 bi na próxima safra
• Gripe aviária reaparece em São Paulo, mas sem pânico
• Embrapa leva prêmio internacional com tecnologia que solta fósforo no solo
• E no campo? Roça Sustentável dobra produção no Maranhão
• De brinde: greening sob novo protocolo e carne brasileira estreando no Vietnã

Cola com a gente pra saber tudo que ta rolando no agro do bra.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

FOCUS 2025 Semana 2026 Semana
Câmbio (R$/US$) 5,70 0,00% 5,75 -0,69%
IPCA (%) 5,18 -0,38% 4,5 0,00%
PIB Agro (%) 2,23 0,9% 1,86 0,53%
Selic (% a.a.) 15,00 0,00% 12,5 0,00%

Os dados são publicados por BCB e YahooFinance.

E ESSE TEMPO, HEIN?

Geada no radar, sol no comando

A segunda semana de julho chegou com mudança no clima, mas nem tanto assim. A chuva deu uma trégua no Sul, especialmente no RS, onde os acumulados não devem passar de 2 mm nos próximos dias, segundo a Emater. O motivo? Um sistema de alta pressão que segura o tempo firme até quarta. Aí sim, uma nova baixa pressão pode voltar a trazer garoa.

Mas quem achou que o frio ia embora se enganou bonito. No Paraná, Curitiba começa a semana com mínima de 5 °C e chance real de geada, segundo o Inmet. Em Santa Catarina, o alerta é parecido: a Epagri aponta risco de geada isolada nos Planaltos e no Meio-Oeste, com temperaturas mínimas entre 0 °C e 4 °C.

No resto do Centro-Sul, o clima fica no modo clássico de inverno: manhãs frias, tardes ensolaradas. São Paulo deve bater 21 °C, Goiânia chega aos 28 °C e Cuiabá esquenta até os 32 °C.

No Norte e no Nordeste, o papo é outro. Tem alerta de temporais com risco de alagamentos do Baixo Sul ao Litoral Norte da Bahia. Já no extremo Norte, cidades como Manaus, Santarém e Macapá podem ver até 50 mm de chuva, ventania, quedas de galhos, apagões e raios.

RADAR SANITÁRIO

Crise de gripe aviária trava frango brasileiro e exportações despencam

Junho foi indigesto pro frango brasileiro. As exportações despencaram 21,2% no mês, somando 343,4 mil toneladas, segundo a ABPA. Tudo por causa do embargo imposto por vários países após o registro de gripe aviária em uma granja comercial em Montenegro (RS), em maio. Caso isolado, controlado e já encerrado, mas que custou muito caro.

A conta veio no volume e também no bolso: o faturamento caiu 19,7%, batendo US$ 637 milhões. O Brasil se autodeclarou livre da doença no dia 18 de junho, e a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) aceitou a reclassificação no fim do mês. Desde então, vários mercados começaram a liberar os embarques de novo. Mas ainda falta a China, e ela pesa com força na balança.

Apesar do susto, o estrago foi menor do que se previa. “O impacto real ficou abaixo do que se chegou a especular”, disse o presidente da ABPA, Ricardo Santin. A aposta agora é que o segundo semestre seja de retomada acelerada e embarques mais robustos.

Primeiro semestre no geral:
Mesmo com o tombo de junho, o acumulado do ano ainda está no azul. Foram 2,6 milhões de toneladas exportadas (+0,5%), com receita de US$ 4,87 bilhões (+5%).

Maiores quedas no semestre:

  • China: 228,6 mil t (‑17,2%)

  • África do Sul: 133,9 mil t (‑20,3%)

  • Japão, Emirados e Arábia Saudita também reduziram os pedidos

Quem segurou a barra:

  • União Europeia: +20,8%

  • México: +7,7%

  • Filipinas: +2,2%

ASSUNTO DE GABINETE

Lula e Fávaro reforçam parceria com maior comprador do campo brasileiro, a China

No esquenta da Cúpula dos BRICS, Lula e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, sentaram à mesa com o primeiro-ministro da China, Li Qiang. O assunto? O de sempre. O agro no centro da relação comercial mais importante do Brasil.

A conversa teve clima amistoso, mas também recado claro: o Brasil quer agilidade nos trâmites pra reforçar ainda mais a confiança sanitária do agro nacional. Entre os pedidos feitos à comitiva chinesa estão o reconhecimento oficial do país como livre de gripe aviária e de febre aftosa sem vacinação, além do aval pra regionalizar certificados de origem animal: o que na prática ajuda a liberar mais rápido as exportações quando surge algum foco isolado.

Pra Fávaro, a parceria com a China é estratégica e tem espaço pra crescer ainda mais. E ele não tá errado: os chineses continuam sendo os maiores compradores do agro brasileiro, puxando demanda de carne, soja, milho e outros itens de peso.

Além dos temas sanitários, o encontro também tratou de ampliar cooperações técnicas em áreas como agricultura sustentável e pecuária — com foco em inovação e troca de tecnologias.

NAS CABEÇAS DO AGRO

Embrapa lança batata-doce pro espaço

Pode anotar essa na conta da ciência brasileira: mudas de batata-doce e sementes de grão-de-bico embarcaram num voo suborbital da Blue Origin, empresa do bilionário Jeff Bezos. O experimento, feito em abril, faz parte das pesquisas da Embrapa em agricultura espacial e teve apoio do professor Rafael Loureiro, da Winston-Salem State University, nos Estados Unidos.

A ideia era testar como as plantas reagem à radiação, umidade e microgravidade fora da Terra. Os dados vão ajudar em futuros cultivos na Lua, em Marte ou até em solos extremos aqui na Terra. Pra isso, o laboratório de Loureiro criou consórcios microbianos que vivem junto às raízes e ajudam a planta a absorver nutrientes, mesmo sem solo fértil.

Em Marte, o desafio é ainda maior. O solo marciano tem perclorato, um composto tóxico que se acumula nas plantas. Segundo Loureiro, o personagem de Perdido em Marte morreria rapidinho. Mas o time dele desenvolveu um consórcio microbiano capaz de digerir o perclorato. A descoberta pode ajudar missões do programa Artemis e até em áreas de mineração contaminadas aqui na Terra.

DICA AGRO ESPRESSO

50 alimentos, 1 país: o agro contado pela Embrapa

Se você acha que agro é só gráfico de exportação, dá um tempo e abre esse livro aqui: “Brasil em 50 Alimentos”, uma obra da Embrapa lançada nos 50 anos da instituição, que vai muito além do arroz com feijão.

A publicação traz a história, a ciência e as curiosidades de 50 alimentos que moldaram o Brasil: do açaí ao trigo, passando por mandioca, goiaba, castanha, café, leite e caju. Cada capítulo é assinado por especialistas da própria Embrapa, com textos acessíveis e cheios de contexto sobre origem, cultura, manejo, consumo e impacto econômico. É quase um “agro de A a Z”, em versão de leitura leve e útil até pra puxar papo em roda de produtores ou sala de aula.

A melhor parte? O livro é gratuito em PDF e também pode ser encontrado em versão física.

Uma leitura que alimenta, literalmente.

LÁ FORA TA ASSIM

Trump quer taxar quem fecha com o Brics

Donald Trump não gostou nada do tom da última cúpula do Brics no Rio. No melhor estilo "recado dado", o presidente dos EUA usou sua rede social, a Truth Social, pra avisar que vai impor uma tarifa extra de 10% a qualquer país que se alinhe com o bloco. Sem exceção. Sem conversa.

A ameaça veio no mesmo dia em que os 11 membros do Brics divulgaram a Declaração do Rio, defendendo o multilateralismo, criticando o protecionismo e pedindo mais espaço pro Sul Global em instituições como o FMI. O texto destaca que o bloco representa 39% do PIB mundial, 48,5% da população do planeta e 23% do comércio global.

O Brasil, claro, tá no meio. Em 2024, 36% das exportações brasileiras foram pro Brics e 34% das importações vieram de lá. O agro sente na pele. China, Índia, Arábia Saudita e companhia são destino certo de proteína, grãos e muito mais.

A declaração dos líderes fala em um comércio mais justo, aberto e equilibrado. Trump, por outro lado, já puxa o freio e prepara o bolso. O clima é de cúpula de um lado e cobrança do outro. E o agro brasileiro? Vai precisar jogar bem pra não tomar tarifa no contrapé.

PAUTA VERDE

UE quer aliviar a barra na lei antidesmatamento

A lei antidesmatamento da União Europeia ainda nem entrou em vigor e já tem país querendo mexer no jogo. Vinte governos europeus pediram oficialmente pra Comissão Europeia dar uma afrouxada nas regras, alegando que do jeito que tá a coisa vai travar comércio e sair cara demais.

A bronca é com a obrigação de rastrear a origem de tudo que entra no bloco vindo de cadeia agro: carne bovina, soja, cacau, café, madeira, borracha e óleo de palma. Eles dizem que é exagerado e que países com risco baixo de desmatamento deviam poder seguir só as próprias normas nacionais.

Além disso, querem empurrar a data de estreia da lei, prevista pra dezembro. A Comissão já tinha feito um ajuste aqui e ali, mas os 20 países acharam pouco. O clima agora é de bate-cabeça entre os que querem manter o discurso verde e os que sentem no bolso a pressão da rastreabilidade total.

O agro brasileiro acompanha de camarote. Porque se o bloco recuar, o impacto nas exportações pode mudar de cara rapidinho.

PLANTÃO RURAL

SE DIVERTE AÍ

Adivinha onde tá o agro?

Com China, Vietnã e União Europeia nas notícias, a edição de hoje tá mais internacional que aeroporto em véspera de feriado. E já que o agro não tem fronteira, o desafio do dia é global.

No Globle, você tem que adivinhar o país misterioso do dia. A cada chute, o mapa te mostra se você tá quente ou frio.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Cevada

Pergunta de hoje: Qual produto do agro ninguém planta, mas muito produtor colhe?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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