
APRESENTADO POR

Bom dia!
Pra começar essa semana, a edição de hoje vem com trilho cruzando o continente, banco privado botando grana no campo, ave silvestre gripada no Ibirapuera e até bioinsumo premiado no BRICS. Hoje tem:
• Brasil e China firmam acordo para ferrovia até o Pacífico
• Bradesco mira R$ 50 bi na próxima safra
• Gripe aviária reaparece em São Paulo, mas sem pânico
• Embrapa leva prêmio internacional com tecnologia que solta fósforo no solo
• E no campo? Roça Sustentável dobra produção no Maranhão
• De brinde: greening sob novo protocolo e carne brasileira estreando no Vietnã
Cola com a gente pra saber tudo que ta rolando no agro do bra.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por BCB e YahooFinance.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Geada no radar, sol no comando

A segunda semana de julho chegou com mudança no clima, mas nem tanto assim. A chuva deu uma trégua no Sul, especialmente no RS, onde os acumulados não devem passar de 2 mm nos próximos dias, segundo a Emater. O motivo? Um sistema de alta pressão que segura o tempo firme até quarta. Aí sim, uma nova baixa pressão pode voltar a trazer garoa.
Mas quem achou que o frio ia embora se enganou bonito. No Paraná, Curitiba começa a semana com mínima de 5 °C e chance real de geada, segundo o Inmet. Em Santa Catarina, o alerta é parecido: a Epagri aponta risco de geada isolada nos Planaltos e no Meio-Oeste, com temperaturas mínimas entre 0 °C e 4 °C.
No resto do Centro-Sul, o clima fica no modo clássico de inverno: manhãs frias, tardes ensolaradas. São Paulo deve bater 21 °C, Goiânia chega aos 28 °C e Cuiabá esquenta até os 32 °C.
No Norte e no Nordeste, o papo é outro. Tem alerta de temporais com risco de alagamentos do Baixo Sul ao Litoral Norte da Bahia. Já no extremo Norte, cidades como Manaus, Santarém e Macapá podem ver até 50 mm de chuva, ventania, quedas de galhos, apagões e raios.
RADAR SANITÁRIO
Crise de gripe aviária trava frango brasileiro e exportações despencam

Junho foi indigesto pro frango brasileiro. As exportações despencaram 21,2% no mês, somando 343,4 mil toneladas, segundo a ABPA. Tudo por causa do embargo imposto por vários países após o registro de gripe aviária em uma granja comercial em Montenegro (RS), em maio. Caso isolado, controlado e já encerrado, mas que custou muito caro.
A conta veio no volume e também no bolso: o faturamento caiu 19,7%, batendo US$ 637 milhões. O Brasil se autodeclarou livre da doença no dia 18 de junho, e a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) aceitou a reclassificação no fim do mês. Desde então, vários mercados começaram a liberar os embarques de novo. Mas ainda falta a China, e ela pesa com força na balança.
Apesar do susto, o estrago foi menor do que se previa. “O impacto real ficou abaixo do que se chegou a especular”, disse o presidente da ABPA, Ricardo Santin. A aposta agora é que o segundo semestre seja de retomada acelerada e embarques mais robustos.
Primeiro semestre no geral:
Mesmo com o tombo de junho, o acumulado do ano ainda está no azul. Foram 2,6 milhões de toneladas exportadas (+0,5%), com receita de US$ 4,87 bilhões (+5%).
Maiores quedas no semestre:
China: 228,6 mil t (‑17,2%)
África do Sul: 133,9 mil t (‑20,3%)
Japão, Emirados e Arábia Saudita também reduziram os pedidos
Quem segurou a barra:
União Europeia: +20,8%
México: +7,7%
Filipinas: +2,2%
ASSUNTO DE GABINETE
Lula e Fávaro reforçam parceria com maior comprador do campo brasileiro, a China

No esquenta da Cúpula dos BRICS, Lula e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, sentaram à mesa com o primeiro-ministro da China, Li Qiang. O assunto? O de sempre. O agro no centro da relação comercial mais importante do Brasil.
A conversa teve clima amistoso, mas também recado claro: o Brasil quer agilidade nos trâmites pra reforçar ainda mais a confiança sanitária do agro nacional. Entre os pedidos feitos à comitiva chinesa estão o reconhecimento oficial do país como livre de gripe aviária e de febre aftosa sem vacinação, além do aval pra regionalizar certificados de origem animal: o que na prática ajuda a liberar mais rápido as exportações quando surge algum foco isolado.
Pra Fávaro, a parceria com a China é estratégica e tem espaço pra crescer ainda mais. E ele não tá errado: os chineses continuam sendo os maiores compradores do agro brasileiro, puxando demanda de carne, soja, milho e outros itens de peso.
Além dos temas sanitários, o encontro também tratou de ampliar cooperações técnicas em áreas como agricultura sustentável e pecuária — com foco em inovação e troca de tecnologias.
NAS CABEÇAS DO AGRO
Embrapa lança batata-doce pro espaço

Pode anotar essa na conta da ciência brasileira: mudas de batata-doce e sementes de grão-de-bico embarcaram num voo suborbital da Blue Origin, empresa do bilionário Jeff Bezos. O experimento, feito em abril, faz parte das pesquisas da Embrapa em agricultura espacial e teve apoio do professor Rafael Loureiro, da Winston-Salem State University, nos Estados Unidos.
A ideia era testar como as plantas reagem à radiação, umidade e microgravidade fora da Terra. Os dados vão ajudar em futuros cultivos na Lua, em Marte ou até em solos extremos aqui na Terra. Pra isso, o laboratório de Loureiro criou consórcios microbianos que vivem junto às raízes e ajudam a planta a absorver nutrientes, mesmo sem solo fértil.
Em Marte, o desafio é ainda maior. O solo marciano tem perclorato, um composto tóxico que se acumula nas plantas. Segundo Loureiro, o personagem de Perdido em Marte morreria rapidinho. Mas o time dele desenvolveu um consórcio microbiano capaz de digerir o perclorato. A descoberta pode ajudar missões do programa Artemis e até em áreas de mineração contaminadas aqui na Terra.
DICA AGRO ESPRESSO
50 alimentos, 1 país: o agro contado pela Embrapa

Se você acha que agro é só gráfico de exportação, dá um tempo e abre esse livro aqui: “Brasil em 50 Alimentos”, uma obra da Embrapa lançada nos 50 anos da instituição, que vai muito além do arroz com feijão.
A publicação traz a história, a ciência e as curiosidades de 50 alimentos que moldaram o Brasil: do açaí ao trigo, passando por mandioca, goiaba, castanha, café, leite e caju. Cada capítulo é assinado por especialistas da própria Embrapa, com textos acessíveis e cheios de contexto sobre origem, cultura, manejo, consumo e impacto econômico. É quase um “agro de A a Z”, em versão de leitura leve e útil até pra puxar papo em roda de produtores ou sala de aula.
A melhor parte? O livro é gratuito em PDF e também pode ser encontrado em versão física.
Uma leitura que alimenta, literalmente.
LÁ FORA TA ASSIM
Trump quer taxar quem fecha com o Brics

Donald Trump não gostou nada do tom da última cúpula do Brics no Rio. No melhor estilo "recado dado", o presidente dos EUA usou sua rede social, a Truth Social, pra avisar que vai impor uma tarifa extra de 10% a qualquer país que se alinhe com o bloco. Sem exceção. Sem conversa.
A ameaça veio no mesmo dia em que os 11 membros do Brics divulgaram a Declaração do Rio, defendendo o multilateralismo, criticando o protecionismo e pedindo mais espaço pro Sul Global em instituições como o FMI. O texto destaca que o bloco representa 39% do PIB mundial, 48,5% da população do planeta e 23% do comércio global.
O Brasil, claro, tá no meio. Em 2024, 36% das exportações brasileiras foram pro Brics e 34% das importações vieram de lá. O agro sente na pele. China, Índia, Arábia Saudita e companhia são destino certo de proteína, grãos e muito mais.
A declaração dos líderes fala em um comércio mais justo, aberto e equilibrado. Trump, por outro lado, já puxa o freio e prepara o bolso. O clima é de cúpula de um lado e cobrança do outro. E o agro brasileiro? Vai precisar jogar bem pra não tomar tarifa no contrapé.
PAUTA VERDE
UE quer aliviar a barra na lei antidesmatamento

A lei antidesmatamento da União Europeia ainda nem entrou em vigor e já tem país querendo mexer no jogo. Vinte governos europeus pediram oficialmente pra Comissão Europeia dar uma afrouxada nas regras, alegando que do jeito que tá a coisa vai travar comércio e sair cara demais.
A bronca é com a obrigação de rastrear a origem de tudo que entra no bloco vindo de cadeia agro: carne bovina, soja, cacau, café, madeira, borracha e óleo de palma. Eles dizem que é exagerado e que países com risco baixo de desmatamento deviam poder seguir só as próprias normas nacionais.
Além disso, querem empurrar a data de estreia da lei, prevista pra dezembro. A Comissão já tinha feito um ajuste aqui e ali, mas os 20 países acharam pouco. O clima agora é de bate-cabeça entre os que querem manter o discurso verde e os que sentem no bolso a pressão da rastreabilidade total.
O agro brasileiro acompanha de camarote. Porque se o bloco recuar, o impacto nas exportações pode mudar de cara rapidinho.
PLANTÃO RURAL
Greening sob nova direção. O Mapa atualizou o manual de guerra contra o greening. Murta perto de pomar? Vai pro chão sem choro nem sintoma. Muda de citros? Só em viveiro com tela fina, pra não passar nem mosquito fitness. Os estados ganham mais poder de ação e São Paulo já promete reforço com 28 novos fiscais. A laranja agradece.
H5N1 dá as caras no Ibirapuera. Três Irerês com gripe aviária foram encontradas batendo ponto no parque mais famoso de SP. As aves não moravam lá, mas o caso acendeu o alerta. A boa: não muda nada no status sanitário.
Brasil e China em modo locomotiva. A nova do dia é uma ferrovia da Bahia até o Pacífico. O plano é ligar nossas principais malhas ao porto de Chancay, no Peru, pra facilitar o escoamento pra Ásia. Economia de até 12 dias na viagem e um agronegócio cada vez mais pronto pro teletransporte. Agora é esperar o estudo sair do PowerPoint (ou Canva).
Bioinsumo da Embrapa vira ouro no BRICS. Christiane Paiva, da Embrapa Milho e Sorgo, ganhou o BRICS Solutions Awards com um inoculante que libera fósforo preso no solo. O resultado é um milho mais potente, soja mais eficiente e cana que rende muito mais. Aplicado em 7 milhões de hectares e já registrado em 8 países. Não é pouca coisa.
Bradesco aposta alto no agro. O banco quer aumentar em até 15 por cento sua carteira rural na próxima safra. R$ 50 bilhões no radar, com um terço vindo com juros controlados.
Vietnã agora é cliente oficial da carne brasileira. O primeiro embarque foi simbólico, mas marcou a estreia oficial. Com a habilitação confirmada, o Brasil agora mira virar figurinha carimbada nas churrasqueiras vietnamitas. E se depender da gente, vai ter picanha por lá até em lanche de rua.
SE DIVERTE AÍ
Adivinha onde tá o agro?
Com China, Vietnã e União Europeia nas notícias, a edição de hoje tá mais internacional que aeroporto em véspera de feriado. E já que o agro não tem fronteira, o desafio do dia é global.
No Globle, você tem que adivinhar o país misterioso do dia. A cada chute, o mapa te mostra se você tá quente ou frio.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Cevada
Pergunta de hoje: Qual produto do agro ninguém planta, mas muito produtor colhe?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
