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Bom dia!
A semana começou com tudo no agro. Teve rompimento bilionário no etanol, superávit de soja, debate de licenciamento e uma leva de tecnologias verdes prometendo revolucionar o campo.
Pra você acordar bem informado.
Por Enrico Romanelli
NAS CABEÇAS DO AGRO
Amaggi e Inpasa rompem parceria no etanol de milho

GIF: Giphy/The Office
Acabou o namoro antes do altar. A Amaggi e a Inpasa desistiram da joint venture que prometia erguer um império do etanol de milho em Mato Grosso. O plano era construir até cinco usinas, mas o relacionamento azedou por “diferenças de governança”.
Mesmo sem aliança, a Amaggi decidiu seguir solo. A empresa já pediu licença pra erguer a primeira usina em Rondonópolis, com terreno, milho e energia próprios. O investimento tá na casa dos R$ 2,5 bilhões, mas compensa na agilidade e no bolso, já que operar sozinha evita pagar mais impostos.
A pressa tem motivo. O mercado de etanol de milho tá fervendo, mas a janela pode fechar logo. A ideia da Amaggi é entrar de cabeça antes que a maré vire e os preços percam força. No fim, o término foi no maior clima de maturidade. Tapinha nas costas, promessa de amizade e aquele clássico “a culpa não é sua, é da minha governança”.
PAUTA VERDE
Bio é o novo agro

Foto: Divulgação/Freepik
O setor de biossoluções do Brasil tá taxiando na pista, prontinho pra decolar, e tem potencial até de fazer o PIB voar. Segundo um estudo da Amsterdam Data Collective encomendado pela Novonesis, o setor pode movimentar R$ 232,6 bilhões e gerar 276 mil empregos até 2035. É um salto de mais de 200% em relação ao ano passado, e tudo isso com uma ajudinha de microrganismos e enzimas.
Na prática, as biossoluções são o lado mais nerd da sustentabilidade: tecnologias feitas com bactérias, fungos e proteínas que reduzem desperdícios, cortam o uso de combustíveis fósseis e ainda dão um gás em áreas como agricultura, pecuária, saúde e energia limpa. Hoje, essas soluções já batem ponto em mais de 30 indústrias, e cada emprego criado nessa área puxa mais 1,6 em outros setores.
O AGRO EM NÚMEROS
Safra recorde à vista e canavial patinando

Foto: Wenderson Araujo/CNA
O Brasil vai precisar de mais silo, porque vem recorde por aí. Segundo o IBGE, a safra de 2025 deve bater 341,9 milhões de toneladas, 17% acima da anterior. Soja, milho e arroz puxam o bonde, e a área plantada cresceu pra 81,4 milhões de hectares, crescendo 3%.
Já nos canaviais do Centro-Sul, a garapa azedou. A produtividade caiu 6,5%, com média de 77,7 toneladas por hectare, por culpa da seca e do solo judiado. O ATR também deu uma murchada, o que significa menos açúcar, menos etanol e mais dor de cabeça pras usinas.
O cânhamo chega fazendo fumaça e promete ser a nova planta da moda no campo. Um estudo da Kaya Mind mostra que ele pode render 11 vezes mais que a soja por hectare, o retorno líguido pode chegar a R$ 23 mil/ha. E ainda dá pra usar em mais de 25 mil produtos, de cosmético a bioplástico. Falta só o governo liberar.
No Paraná, o milho de verão já tá quase correndo pro abraço, com 90% da área já semeada, segundo o Deral. As lavouras vão bem, apesar da cigarrinha querer aparecer. No Sul, o arroz também tá andando, mas mais devagar: só 18% da área foi plantada, e o Irga torce pra chuva dar uma trégua pro ritmo andar mais.
E lá em Mato Grosso, a turma continua boa de negóciação: 96% da soja da safra 24/25 já foi vendida, o milho tá em 78% e o algodão em 70%. O estado continua campeão das planilhas, com a próxima safra já 30% negociada.
Pra fechar, a Conab tá prevendo um novo recorde de exportação de soja: 112 milhões de toneladas embarcadas em 2025/26. Com os EUA tirando o pé e a China comprando tudo que vê, o Brasil deve ser o verdadeiro rei da soja.
ASSUNTO DE GABINETE
Licenciamento, terras de fronteiras e um café forte na FPA

Foto: Felipe Soares
Brasília decidiu dar um empurrãozinho no campo. O licenciamento ambiental voltou pro centro do debate, e o Congresso ameaça passar a faca em todos os 63 vetos do governo Lula, falta só votar. As frentes agro, cooperativista e empreendedora se juntaram pra botar pressão no governo e mostrar que, depois de 20 anos de discussão, ninguém quer ver o texto mofar na gaveta de novo.
Enquanto o licenciamento esquenta, o Senado aprovou o novo marco da regularização fundiária nas faixas de fronteira, que vem pra tentar simplificar a vida de quem produz em áreas a até 150 km das terras vizinhas. A ideia do projeto é acabar com a burocracia chata que fazia produtor precisar de GPS, advogado e santo padroeiro pra provar que era dono da própria terra. Agora, bastam os documentos básicos e o cartório resolve o resto.
SAFRA DE CIFRAS
Soja, yuan e um empurrão chinês

Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação
A treta comercial entre Estados Unidos e China comendo solta, e o Brasil tá colhendo os lucros. A China importou 86 milhões de toneladas de soja entre janeiro e setembro, o maior volume da história pro período, e quase 90% veio direto das nossas lavouras. Com os americanos fora do jogo por causa das briguinhas e agora com as tarifas de 100%, os chineses trocaram o “In God We Trust” pelo “Made in Mato Grosso”.
Mas Pequim quer ir além dos grãos. Durante conferência em São Paulo, Henry Huiyao Wang, diretor do think tank Center for China and Globalization, defendeu que o comércio entre Brasil e China avance na desdolarização, trocando o dólar pelo yuan (moeda chinesa) nas transações. Segundo ele, mais de 30% das trocas bilaterais já são feitas direto em real e yuan, e a ideia é abrir uma factoring em São Paulo pra acelerar esse fluxo.
O economista destacou que o Brasil virou peça-chave no xadrez global do agro. Com a briga EUA-China esquentando, os chineses querem investir pesado em infraestrutura, inovação e energia limpa nas terras tupiniquins, pra garantir o abastecimento e diversificar o portfólio. Em 2024, os investimentos chineses por aqui somaram US$ 4,2 bilhões, com destaque pra elétricos, biotecnologia e IA aplicada à indústria.
Pra Wang, o futuro é de parceria longa: o Brasil fornece soja, milho, carne e segurança alimentar; a China devolve com crédito, tecnologia e mercado. Um casamento de conveniência, sem romance, mas com faturamento bilionário. E enquanto Trump e Xi ainda decidem quem vai pagar a conta da guerra comercial, o agro brasileiro segue brindando com café e yuan.
MENTES QUE GERMINAM
Robô da luz promete salvar a soja e o algodão

Foto: Wilson Aiello
A noite no campo ganhou companhia nova. O LumiBot, robô criado pela Embrapa e pela Comdeagro, caça doenças nas lavouras com ajuda de luz e inteligência artificial. O bicho trabalha no escuro, iluminando folhas e tirando fotos em sete segundos pra flagrar nematoides antes mesmo dos sintomas aparecerem.
Nos testes, o robôzinho acertou mais de 80% dos diagnósticos e promete reduzir o uso de defensivos, poupando o bolso e o solo. O estrago dos nematoides é bilionário: R$ 27,7 bi por ano na soja e R$ 4 bi no algodão. O próximo passo é levar o sistema pro campo de verdade, acoplando o sensor em pulverizadores e rovers. Se der certo, a lavoura brasileira pode dormir mais tranquila, já que tem robô de plantão vigiando as folhas.
DICA AGRO ESPRESSO
A guerra que matou a colheita

Foto: Yousef Alrozzi/FAO
O campo virou escombro. Gaza, que já viveu de olivais e hortas, hoje mal colhe esperança. Bombardeios arrasaram 98% das terras agrícolas da região, poços e estufas foram destruídos e o rebanho praticamente sumiu. Como resultado, a região mergulhou na fome e na dependência total de ajuda humanitária.
Em um artigo, o comentarista do Canal Rural, Miguel Daoud, analisa o colapso da agricultura em Gaza e como destruir o campo é, na prática, destruir a vida. Vale a leitura pra entender como a guerra atinge tudo, até o que nasce da terra. Clique aqui para ler.
PLANTÃO RURAL
Cultivares em debate quente. Produtores e indústria de sementes tentam fechar acordo sobre a nova Lei de Cultivares, que pode redefinir royalties e prazos de proteção genética. O impasse movimenta um mercado de R$ 50 bilhões e promete mudar o jeito de plantar, e cobrar, tecnologia no campo.
Camil põe R$ 1 bi na mesa. A Camil aprovou emissão de R$ 1 bilhão em debêntures, vinculadas a CRAs, pra reforçar o caixa e financiar expansão. O valor pode crescer 25% se o mercado topar.
Jalles vai de longo prazo. A Jalles Machado lançou R$ 400 milhões em CRAs com prazo de dez anos, o mais longo do setor sucroalcooleiro. A operação, feita via Ecoagro, é voltada a investidores e reforça o papel da usina como uma das que mais aposta em crédito verde no país.
Asset entra no jogo dos Fiagros. A Asset Bank abriu o Fiagro Campo Arado, fundo de R$ 200 milhões pra financiar o ciclo produtivo do agro. Testado por dois anos com capital próprio, o fundo agora mira investidores qualificados e promete retorno de CDI + 4%.
Novilhas turbinadas. Uma pesquisa da Embrapa Cerrados mostrou que ajustar a dieta energética acelera a puberdade de novilhas Nelore e pode triplicar a rentabilidade da pecuária.
Milho e trigo com IA. A Calice e o CIMMYT fecharam parceria pra usar dados e IA no melhoramento genético de milho e trigo. O plano é criar cultivos mais resistentes à seca e ao calor. Ciência, tecnologia e um toque de código: o agro global tá cada vez mais high-tech.
SE DIVERTE AÍ
O desafio de hoje é o Tradle, jogo que mistura comércio exterior e raciocínio rápido. Ele mostra uma lista de produtos exportados e você precisa adivinhar de qual país vêm, pode ser soja, carne, café ou até semicondutor. A cada palpite, o jogo indica o quão perto você chegou. Bora testar seu instinto global?
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Arroz
Pergunta de hoje: Qual fruta andina, parente do tomate, era considerada sagrada pelos incas e renasceu como superalimento?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
