APRESENTADO POR


Bom dia!

O agro mundial tá a milhão. Tem startup que monitora microrganismo, IA que tira mais carne do osso que açougueiro e até o Cade entrou em clima de briga. Lá fora, Trump abre as portas pros hermanos e, por aqui, o agro mostra que inovação boa também nasce de bota suja e planilha limpa.

Pra você acordar bem informado.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

COMMODITIES
Açúcar (Saca 50kg) R$112,28 -29,81%
Algodão (Centavos R$/LP) 345,09 -17,82%
Arroz (Saca 50kg) R$56,80 -42,71%
Boi gordo (Arroba 15kg) R$311,40 -3,16%
Café Arábica (Saca 60kg) R$2.307,60 2,93%
Etanol anidro (Litro) R$3,1079 2,44%
Milho (Saca 60kg) R$65,63 -10,02%
Soja (Saca 60kg) R$138,55 -0,27%
Trigo (Tonelada) R$1.193,18 -14,37%

Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).

  • O preço do petróleo subiu com força e chegou no maior nível em duas semanas após os EUA sancionarem as empresas russas Rosneft e Lukoil. O Brent subiu 5,4%, pra US$65,99 por barril. As medidas devem reduzir exportações russas e elevar os custos globais de energia, especialmente pra China e Índia.

  • A BrasilAgro vai dar um presentão de natal antecipado pros seus acionistas. O conselho da empresa aprovou a distribuição de R$75 milhões em dividendos referentes à safra 2024/25, valor que representa 57% do lucro líquido ajustado. O pagamento aos acionistas começa em 28 de novembro.

MENTES QUE GERMINAM

Você conhece as principais startups do agro BR?

Foto: Editora Globo

O agro brasileiro segue mostrando que inovação boa não nasce em coworking de cidade grande, nasce com pesquisa e trabalho duro. Quatro agtechs entraram na lista das 100 Startups to Watch 2025, da Pequenas Empresas & Grandes Negócios, mostrando que o campo também sabe falar de IA, dados e nanotecnologia, só que com bota e chapéu.

A Agrosmart, de Campinas (SP), é tipo uma Alexa na lavoura: monitora clima e solo em tempo real e ajuda o produtor a decidir quando irrigar, plantar ou colher. A operação já chega em 48 milhões de hectares em nove países e impacta mais de 100 mil produtores.

A Doroth, de Piracicaba (SP), trouxe a biologia molecular pro campo, e não é pra falar difícil, mas pra falar com o solo. A startup faz o check-up da terra, monitorando os microrganismos que vivem ali e que fazem brilhar os olhos dos agrônomos. A empresa é a primeira do Brasil a medir a vida invisível que faz a lavoura dar certo. Tipo um exame de sangue pro solo.

De Florianópolis, vem a Revella, que mistura biotecnologia e nanotecnologia pra deixar os insumos agrícolas mais eficientes. As fórmulas reduzem em até 80% o uso de agroquímicos e ainda aumentam a produtividade da lavoura. Tão fazendo um insumo aditivado.

A Zeit, de Santa Maria (RS), mostra que dado também dá lucro. A startup usa inteligência artificial pra analisar proteína, óleo e umidade da soja e ainda monitorar o potássio nas plantas. É como se o agrônomo ganhasse um copiloto digital com planilha pronta e bola de cristal.

O futuro ta aí, batendo na porta, falta só o resto do mercado abrir.

NAS CABEÇAS DO AGRO

Moratória da soja vira barraco

Foto: Cade/YouTube/Reprodução

A reunião do Cade sobre a moratória da soja terminou com mais confusão que aquela luta entre Popó e Wanderlei Silva. O presidente do órgão, Gustavo Augusto, e o conselheiro José Levi trocaram farpas e indiretas depois que o chefe da mesa barrou uma petição da Abiove e encerrou a sessão do nada. Levi protestou, soltou um “vai pegar a bola e sair que nem criança?” e, poucos segundos depois, a transmissão do YouTube caiu.

A Abiove tava questionando uma manobra feita pelo presidente, que trocou o relator do processo sem consultar ninguém, supostamente. Levi queria levar o caso lá pro plenário, mas o comando preferiu passar um pano e abafar o caso. Depois do climão, o Cade se reuniu a portas fechadas e voltou dizendo que precisa de mais tempo pra analisar o conflito de competência. Na prática, o caso tá parado por mais 60 dias.

O impasse é mais um capítulo da novela que define o futuro da moratória da soja, o acordo que restringe a compra do grão vindo de áreas desmatadas na Amazônia. Enquanto o Cade briga pra ver quem manda na pauta, o setor segue sem saber quem vai dar a palavra final.

O AGRO EM NÚMEROS

Ninguém mais quer arroz com feijão

Foto: Freepik

O campo tá voando, como sempre. O Mato Grosso do Sul fechou setembro com R$ 76,3 bilhões movimentados, alta de 24% em um ano. A dobradinha soja e milho fez bonito: um cresce 16%, o outro dispara 43%. Com preço firme e safra generosa, o produtor sul-mato-grossense segue colhendo grãos e sorrisos, e mostrando que o VBP nacional de R$ 1,4 trilhão não veio à toa.

Mais ao norte, o Matopiba promete colher dinheiro sem precisar de colheitadeira. O Oeste da Bahia pode faturar até R$ 1 bilhão só com carbono florestal. O novo plano do governo é transformar a mata em ativo financeiro, um tipo de investimento que cresce sem irrigação. E se depender de Brasília, o Cerrado vai render tanto quanto a soja.

Mas quem não tá tão feliz assim é a tradicional dupla, arroz com feijão, que vem perdendo espaço no prato. Em 20 anos, o brasileiro reduziu em 25% o consumo de arroz e 17% o de feijão, segundo a Embrapa. A pressa, as marmitas fit e o preço andam empurrando o básico pro canto do prato. O problema é que sem eles o Brasil perde não só tradição, mas também fibra e ferro no sangue.

E, lá fora, Donald Trump continua ferrando com os açougues e produtores. O presidente dos EUA quadruplicou a cota de importação de carne da Argentina pra 80 mil toneladas, tudo pra tentar baixar o preço no supermercado americano. Os hermanos comemoraram, os pecuaristas dos EUA bufaram, e o Brasil assisti de canto, esperando que as tarifas da carne caiam pra que a gente possa brigar nessa guerra comercial.

CAMPO CONECTADO

Cargill bota a IA pra desossar

Com o gado em falta e a carne nas alturas lá na gringa, a Cargill decidiu que, se o boi é pouco, o jeito é aproveitar até o último bife. A gigante americana tá usando inteligência artificial pra ajudar os funcionários a tirar ainda mais carne dos ossos. Um sistema de câmeras avalia em tempo real quanto filé tá ficando pra trás e dá um feedback visual: carinha verde pro acerto, amarela pro quase e vermelha pro vacilo.

A tecnologia nasceu no Texas, o estado conhecido por ter tudo grande, quase uma Itu americana, só faltou avisarem o rebanho, que anda no menor nível em 70 anos. A promessa é que, se cada fábrica melhorar só 1% a eficiência, já dá pra colocar 200 milhões de libras a mais de carne nos pratos, e não no lixo. Chegou um novo encarregado no chão de fábrica, e ele atende por IA.

DE OLHO NO PORTO

Frango brasileiro recupera o passe pra Europa

Gif by RespectiveCollective on Giphy

Depois de sete anos fora de campo, o frango brasileiro voltou pro campeonato europeu. O Ministério da Agricultura anunciou que a União Europeia reativou o sistema de pre-listing, o que, na prática, devolve ao Brasil o poder de dizer quais frigoríficos podem exportar.

O pre-listing tinha sido suspenso lá em 2018, e a volta dele é vista como um golaço da diplomacia sanitária. Agora a gente pode habilitar novas plantas sem precisar esperar auditorias intermináveis da Europa. Hoje são 30 habilitadas, mas a fila tá crescendo mais rápido que pintinho em granja. E o mercado europeu é coisa fina: paga bem, cobra muito e adora o frango brasileiro no prato.

Antes do ban, o Brasil exportava mais de 500 mil toneladas anuais só de carne de frango pra Europa, isso sem contar o peru e o pato. Em 2024, foram 231 mil toneladas, e em 2025 o ritmo já empolga. Pro presidente da ABPA, Ricardo Santin, a retomada é o selo de confiança que faltava: “A União Europeia reconheceu que o nosso frango é de primeira e o controle sanitário, nota dez.”

ATUALIZAÇÃO RURAL

Do fio do bigode pro marketplace

Se antes o produtor fechava negócio na base do cafezinho e no fio do bigode, hoje ele faz isso com um clique, às vezes, mais rápido do que o WhatsApp Web consegue carregar áudio. A digitalização chegou de vez: até 20% da soja brasileira já é negociada por plataformas on-line, com bot fazendo o papel de corretor e a internet virando o novo balcão.

Durante o evento TheNewAgro, a turma do CME Group e da Grão Direto mostrou que o jogo virou. Gigantes como Amaggi, Cargill e Basf agora clicam mais do que ligam. Só a Amaggi negocia 15% da soja por aplicativo, e o grupo Agro França, de Goiás, chega a 20%. O marketplace da Grão Direto virou quase uma Bolsa Rural, com mais de 100 mil usuários vendendo e comprando grão em tempo real. A vantagem é fechar a venda em segundos e aproveitar o pico do preço antes que ele caia,

Até o barter, aquele escambo moderno em que o produtor troca parte da safra por insumos, entrou na era digital. A Basf criou soluções pra fechar tudo online, com contrato, rastreabilidade e segurança de sobra.

PLANTÃO RURAL

  • Suzano testa lodo orgânico pra economizar água. A Suzano tá testando no Maranhão um gel orgânico feito a partir de resíduos de celulose que promete reduzir em até 60 mil litros o consumo anual de irrigação. O projeto, desenvolvido na Fazenda Natividade, também contribui pra reter umidade no solo e diminuir a poeira em áreas florestais.

  • Minerva pode lucrar com importação argentina pelos EUA. A intenção do presidente Donald Trump de importar carne argentina pra reduzir preços internos deve beneficiar a Minerva Foods. O frigorífico brasileiro é o maior exportador da Argentina, com capacidade de abater quase 6 mil cabeças por dia, e pode ampliar as vendas com o novo cenário comercial.

  • Negociações EUA-China preocupam mercado da soja. A possível retomada do comércio de soja entre Estados Unidos e China preocupa o setor brasileiro. Caso o acordo avance, as exportações nacionais podem cair e o preço da saca recuar de R$131 pra R$100. Hoje, 77% da soja exportada pelo Brasil tem a China como principal destino.

  • Produtor é autuado por descumprir vazio sanitário da soja. Um agricultor de Santa Bárbara do Sul (RS) foi autuado por plantar soja no período do vazio sanitário, além de usar defensivos proibidos. A área irregular soma 200 hectares. A multa pode chegar a R$200 mil, conforme a gravidade da infração e o tamanho da plantação.

  • Brasil busca isenção de tarifa do café nos EUA. O governo brasileiro articula dois planos pra retirar o café da lista de produtos afetados pelo tarifaço americano. Segundo o Cecafé, Lula e Trump discutirão o tema na Malásia.

SE DIVERTE AÍ

Tá afiado em geografia? Então bora testar se você manja mesmo dos mapas.
O desafio do dia é o Flagle, jogo em que você precisa adivinhar o país só pela bandeira. A cada tentativa, o game mostra o quão perto você tá da resposta certa. Tenta aí.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Laranja

Pergunta de hoje: Qual erva originária do Paraguai virou símbolo cultural do Sul do Brasil e do chimarrão?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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