APRESENTADO POR

Bom dia!

O clima está mais seco que promessa de político, mas o que anda esquentando mesmo é a tensão comercial. Trump agora coloca os fertilizantes brasileiros no radar, e o agro começa a fazer conta de custo com lápis tremendo. No front interno, a energia elétrica virou a grande vilã da inflação, pesando do galinheiro à padaria.

Também tem:
• Café quebrando jejum de 18 meses de alta no IPCA
• São Martinho recebendo R$ 1,1 bilhão para turbinar etanol de milho
• Algodão batendo recorde histórico de exportações
• Dólar em queda, aliviando importadores e pressionando exportadores

Só o que interessa, sem enrolação.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

COMMODITIES
Açúcar (Saca 50kg) R$119,92 -25,03%
Algodão (Centavos R$/LP) 403,24 -3,97%
Arroz (Saca 50kg) R$68,65 -30,75%
Boi gordo (Arroba 15kg) R$309,85 -3,64%
Café Arábica (Saca 60kg) R$1.839,05 -17,97%
Etanol anidro (Litro) R$3,058 0,79%
Milho (Saca 60kg) R$63,89 -12,41%
Soja (Saca 60kg) R$139,30 0,27%
Trigo (Tonelada) R$1.462,21 4,94%

Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).

E ESSE TEMPO, HEIN?

Seco, frio e com pitadas de geada

Foto: Freepik

O inverno segue dando as cartas no Centro-Sul nesta quarta (13). Geadas podem aparecer na Serra Gaúcha, no alto de Santa Catarina, Paraná e Mantiqueira. Durante a tarde, o ar seco toma conta do interior e coloca regiões de MG, GO e MT em alerta de umidade abaixo de 12%.

No Nordeste, a umidade do oceano leva chuva para o litoral da Bahia de manhã e depois para Sergipe e Alagoas. No Norte, as nuvens carregadas rondam Amazonas, Pará e Roraima, avançando para o Amapá e Tocantins.

O café ainda sente as geadas em MG, SP e PR, mas a partir de quinta (14) o frio dá trégua e as lavouras respiram aliviadas.

DE OLHO NO PORTO

Essa laranja ta azeda

Foto: CNA/Flickr

Ficar de fora do tarifaço não garantiu final feliz. O suco de laranja brasileiro escapou da sobretaxa de 50% dos EUA, mas seus subprodutos, como óleos essenciais, gominhos e outros ingredientes que dão sabor e aroma a bebidas e perfumes foram para o paredão. A CitrusBR calcula que só essa paulada pode custar R$ 1,5 bilhão. Somando a queda nos preços internacionais, a conta amarga pode passar de R$ 2,9 bilhões em 2025.

O baque é grande porque quase 60% do consumo de suco nos EUA vem do concentrado que depois é diluído por lá. Sem os insumos brasileiros, parte dessa engrenagem trava, prejudicando empresas americanas e de carona o nosso agro. O setor de cosméticos também entra na roda, já que os óleos cítricos são a alma de fragrâncias e solventes naturais.

Para completar o combo, a oferta de frutas cresceu 36% nesta safra e derrubou o preço médio da tonelada exportada de US$ 4.243 para US$ 3.387, queda de mais de 20%. Se o volume exportado se mantiver, são mais R$ 1,43 bilhão indo pelo ralo. No comércio global, mesmo quando você escapa da multa, a conta chega.

RADAR DO AGRO

Me vê um expresso curto e um lucro venti

Foto: Freepik

Julho abriu a safra 2025/26 com menos café na xícara, mas mais dinheiro no cofre. O Brasil exportou 27,6% menos, só 2,73 milhões de sacas, mas faturou um recorde de US$ 1,03 bilhão no mês. Estoques minguados e safra sem sobra explicam o aperto no volume.

De janeiro a julho, o embarque caiu 21,4% para 22,15 milhões de sacas. Mesmo assim, a receita subiu 36% e bateu US$ 8,55 bilhões, surfando a maré de preços internacionais nas alturas. O mundo quer café, mas a oferta anda de ressaca.

Os Estados Unidos continuam como fregueses fiéis, com 3,71 milhões de sacas no ano, seguidos por Alemanha, Itália, Japão e Bélgica. O arábica reina absoluto, cafés especiais engordam o caixa e o tarifaço de 50% dos americanos só começa a morder em agosto. Até lá, o setor ainda toma o café doce.

SAFRA DE CIFRAS

Se quiser, o agro vende até vento engarrafado e gelo pra esquimó

Foto: Freepik

Julho foi um mês gordo para o agro brasileiro, que bateu recorde histórico nas exportações, com US$ 15,6 bilhões, e garantiu superávit de US$ 14 bilhões. Café brilhou como acabamos de falar, mas teve espaço até para suco de maçã, fumo, banana, ovos e mel faturarem bonito.

A China segue como cliente VIP, levando US$ 5,62 bilhões, seguida pela União Europeia e por mercados em alta como México, Arábia Saudita e Tailândia. De janeiro a julho, o Brasil já vendeu US$ 97,5 bilhões lá fora e abriu 399 novos mercados desde 2023.

Mesmo com preços mais baixos para soja, açúcar e celulose, a diversificação segurou o caixa. Do corvina ao óleo vegetal, passando pela castanha de caju, o agro brasileiro mostrou que não perde viagem e sempre entrega com qualidade, sanidade e pontualidade.

DICA AGRO ESPRESSO

Embrapa puxa duas cartas da manga

Foto: Divulgação

A Embrapa decidiu atacar em campo aberto. De um lado, lança o ABC+Calc, calculadora que mede com precisão as emissões de metano e óxido nitroso da pecuária, começando pelo manejo de rejeitos sólidos de suínos, aves e bovinos.

A plataforma, gerida pelo Ministério da Agricultura e órgãos estaduais, será aberta a qualquer pessoa e já nasce seguindo padrões internacionais, com dados compatíveis com relatórios do IPCC. E não vai parar no esterco: a ideia é incluir também medições em áreas degradadas e sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta.

Do outro lado, a Embrapa Rondônia colocou no jogo o Promov, um indutor de ovulação que aumentou em até 9% a taxa de prenhez em testes com mais de 1.500 vacas inseminadas por IATF.

A fórmula mistura prostaglandina e GnRH em uma única aplicação, simplificando o manejo e entregando mais resultado. Na conta final, cada 200 vacas renderam nove bezerros a mais e um custo por cria menor que no protocolo tradicional.

ASSUNTO DE GABINETE

Trump pode mirar no Brasil por causa da relação com a Rússia

Foto: Anna Carolina Negri

Marcos Jank, professor de agronegócio do Insper, acha que a relação do Brasil com a Rússia pode render mais dores de cabeça com Donald Trump. Como Moscou é fornecedora de fertilizantes e diesel vitais para o campo, um novo tarifaço atingiria direto o coração da produção.

Para Jank, Trump já jogou no lixo regras que sustentaram o comércio global por mais de 80 anos e transformou o maior importador do mundo em campeão das barreiras comerciais. No primeiro mandato, o agro brasileiro surfou a onda da guerra comercial com a China. Agora, o clima é de alerta máximo.

Mesmo com a ameaça no horizonte, Jank lembra que o Brasil ainda tem cartas fortes na manga, como alta produtividade, escala e sistemas integrados de produção que garantem competitividade e sustentabilidade.

PLANTÃO RURAL

SE DIVERTE AÍ

Se acha bom de geografia? O Flagle te desafia a adivinhar o país de uma bandeira em até seis tentativas, com dicas de proximidade a cada palpite. É rápido, viciante e perfeito para aquele intervalo entre uma tarefa e outra.

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VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Açaí

Pergunta de hoje: Qual cultura de leguminosa ajudou a compor dietas equilibradas desde os primeiros agricultores no Oriente Médio?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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