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Bom dia!
O clima está mais seco que promessa de político, mas o que anda esquentando mesmo é a tensão comercial. Trump agora coloca os fertilizantes brasileiros no radar, e o agro começa a fazer conta de custo com lápis tremendo. No front interno, a energia elétrica virou a grande vilã da inflação, pesando do galinheiro à padaria.
Também tem:
• Café quebrando jejum de 18 meses de alta no IPCA
• São Martinho recebendo R$ 1,1 bilhão para turbinar etanol de milho
• Algodão batendo recorde histórico de exportações
• Dólar em queda, aliviando importadores e pressionando exportadores
Só o que interessa, sem enrolação.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).
O dólar fechou a cotação de ontem (12) a R$ 5,38, menor valor em 14 meses. A queda foi impulsionada por dados fracos de inflação nos EUA, que aumentaram as apostas de corte de juros pelo Federal Reserve. O recuo alivia custos de importação e pressiona exportadores.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Seco, frio e com pitadas de geada

Foto: Freepik
O inverno segue dando as cartas no Centro-Sul nesta quarta (13). Geadas podem aparecer na Serra Gaúcha, no alto de Santa Catarina, Paraná e Mantiqueira. Durante a tarde, o ar seco toma conta do interior e coloca regiões de MG, GO e MT em alerta de umidade abaixo de 12%.
No Nordeste, a umidade do oceano leva chuva para o litoral da Bahia de manhã e depois para Sergipe e Alagoas. No Norte, as nuvens carregadas rondam Amazonas, Pará e Roraima, avançando para o Amapá e Tocantins.
O café ainda sente as geadas em MG, SP e PR, mas a partir de quinta (14) o frio dá trégua e as lavouras respiram aliviadas.
DE OLHO NO PORTO
Essa laranja ta azeda

Foto: CNA/Flickr
Ficar de fora do tarifaço não garantiu final feliz. O suco de laranja brasileiro escapou da sobretaxa de 50% dos EUA, mas seus subprodutos, como óleos essenciais, gominhos e outros ingredientes que dão sabor e aroma a bebidas e perfumes foram para o paredão. A CitrusBR calcula que só essa paulada pode custar R$ 1,5 bilhão. Somando a queda nos preços internacionais, a conta amarga pode passar de R$ 2,9 bilhões em 2025.
O baque é grande porque quase 60% do consumo de suco nos EUA vem do concentrado que depois é diluído por lá. Sem os insumos brasileiros, parte dessa engrenagem trava, prejudicando empresas americanas e de carona o nosso agro. O setor de cosméticos também entra na roda, já que os óleos cítricos são a alma de fragrâncias e solventes naturais.
Para completar o combo, a oferta de frutas cresceu 36% nesta safra e derrubou o preço médio da tonelada exportada de US$ 4.243 para US$ 3.387, queda de mais de 20%. Se o volume exportado se mantiver, são mais R$ 1,43 bilhão indo pelo ralo. No comércio global, mesmo quando você escapa da multa, a conta chega.
RADAR DO AGRO
Me vê um expresso curto e um lucro venti

Foto: Freepik
Julho abriu a safra 2025/26 com menos café na xícara, mas mais dinheiro no cofre. O Brasil exportou 27,6% menos, só 2,73 milhões de sacas, mas faturou um recorde de US$ 1,03 bilhão no mês. Estoques minguados e safra sem sobra explicam o aperto no volume.
De janeiro a julho, o embarque caiu 21,4% para 22,15 milhões de sacas. Mesmo assim, a receita subiu 36% e bateu US$ 8,55 bilhões, surfando a maré de preços internacionais nas alturas. O mundo quer café, mas a oferta anda de ressaca.
Os Estados Unidos continuam como fregueses fiéis, com 3,71 milhões de sacas no ano, seguidos por Alemanha, Itália, Japão e Bélgica. O arábica reina absoluto, cafés especiais engordam o caixa e o tarifaço de 50% dos americanos só começa a morder em agosto. Até lá, o setor ainda toma o café doce.
SAFRA DE CIFRAS
Se quiser, o agro vende até vento engarrafado e gelo pra esquimó

Foto: Freepik
Julho foi um mês gordo para o agro brasileiro, que bateu recorde histórico nas exportações, com US$ 15,6 bilhões, e garantiu superávit de US$ 14 bilhões. Café brilhou como acabamos de falar, mas teve espaço até para suco de maçã, fumo, banana, ovos e mel faturarem bonito.
A China segue como cliente VIP, levando US$ 5,62 bilhões, seguida pela União Europeia e por mercados em alta como México, Arábia Saudita e Tailândia. De janeiro a julho, o Brasil já vendeu US$ 97,5 bilhões lá fora e abriu 399 novos mercados desde 2023.
Mesmo com preços mais baixos para soja, açúcar e celulose, a diversificação segurou o caixa. Do corvina ao óleo vegetal, passando pela castanha de caju, o agro brasileiro mostrou que não perde viagem e sempre entrega com qualidade, sanidade e pontualidade.
DICA AGRO ESPRESSO
Embrapa puxa duas cartas da manga

Foto: Divulgação
A Embrapa decidiu atacar em campo aberto. De um lado, lança o ABC+Calc, calculadora que mede com precisão as emissões de metano e óxido nitroso da pecuária, começando pelo manejo de rejeitos sólidos de suínos, aves e bovinos.
A plataforma, gerida pelo Ministério da Agricultura e órgãos estaduais, será aberta a qualquer pessoa e já nasce seguindo padrões internacionais, com dados compatíveis com relatórios do IPCC. E não vai parar no esterco: a ideia é incluir também medições em áreas degradadas e sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta.
Do outro lado, a Embrapa Rondônia colocou no jogo o Promov, um indutor de ovulação que aumentou em até 9% a taxa de prenhez em testes com mais de 1.500 vacas inseminadas por IATF.
A fórmula mistura prostaglandina e GnRH em uma única aplicação, simplificando o manejo e entregando mais resultado. Na conta final, cada 200 vacas renderam nove bezerros a mais e um custo por cria menor que no protocolo tradicional.
ASSUNTO DE GABINETE
Trump pode mirar no Brasil por causa da relação com a Rússia

Foto: Anna Carolina Negri
Marcos Jank, professor de agronegócio do Insper, acha que a relação do Brasil com a Rússia pode render mais dores de cabeça com Donald Trump. Como Moscou é fornecedora de fertilizantes e diesel vitais para o campo, um novo tarifaço atingiria direto o coração da produção.
Para Jank, Trump já jogou no lixo regras que sustentaram o comércio global por mais de 80 anos e transformou o maior importador do mundo em campeão das barreiras comerciais. No primeiro mandato, o agro brasileiro surfou a onda da guerra comercial com a China. Agora, o clima é de alerta máximo.
Mesmo com a ameaça no horizonte, Jank lembra que o Brasil ainda tem cartas fortes na manga, como alta produtividade, escala e sistemas integrados de produção que garantem competitividade e sustentabilidade.
PLANTÃO RURAL
Energia puxa inflação. A conta de luz subiu 10,18% no ano e virou vilã na comida do brasileiro. Na avicultura, energia responde por até 35% do custo de produção e chega a quase 90% no preço de pão, queijo e leite.
Café dá trégua. Depois de 18 meses de altas seguidas, o café finalmente caiu no IPCA: recuo de 1,01% em julho. A safra e a queda nos preços pagos ao produtor aliviaram, mas o tarifaço de Trump mantém o mercado internacional em alerta e instável.
Etanol turbinado. A São Martinho vai investir R$ 1,1 bilhão para ampliar sua produção de etanol de milho em Goiás. A expansão deve elevar a capacidade em 270 mil m³ até 2030, reforçando o apetite do setor pelo combustível renovável e pela diversificação da matriz.
Fertilizante no radar. A tarifa dos EUA contra a Índia acendeu o sinal amarelo no Brasil, que depende de fertilizantes russos e indianos. Importamos 53% do MAP e 39% do potássio da Rússia. Qualquer nova sanção pode encarecer a produção agrícola e bagunçar o mercado.
Carne na mesa. JBS e Marfrig pressionam por isenção da tarifa de 50% sobre a carne bovina brasileira. O hambúrguer americano depende da mistura com carne nacional, mas o tarifaço deixou o produto mais caro e pode afetar desde lares até lanchonetes nos Estados Unidos.
Fertilizante no vermelho. A Nutriplant fechou o semestre com prejuízo de R$ 1,9 milhão e queda de 57,9% no Ebitda. Alta nos custos, fretes mais caros e um mercado pressionado por concorrência acirrada reduziram margens e apertaram o caixa da fabricante de fertilizantes especiais.
Algodão recorde. O Brasil exportou 2,83 milhões de toneladas de algodão na safra 23/24, maior volume da história. Mato Grosso lidera com 65% do total, seguido por Bahia e Goiás. A alta demanda asiática impulsionou embarques e consolidou o país como grande fornecedor global.
Liderança no campo. A Fundação Dom Cabral abriu inscrições para a “Academia do Agro”, curso de liderança voltado a executivos e gestores do setor. Com etapas presenciais em Minas Gerais e São Paulo, o programa promete aprimorar a visão estratégica e a gestão rural.
SE DIVERTE AÍ
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VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Açaí
Pergunta de hoje: Qual cultura de leguminosa ajudou a compor dietas equilibradas desde os primeiros agricultores no Oriente Médio?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
